A suspeita ligação dos Bolsonaros com empresa de segurança dos EUA


Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo precisam explicar como empresa criada por apoiador de Donald Trump tem conseguido contratos milionários com o governo federal
 05/04/2021 11h38
Site do PT

Começa a ficar claro motivo do enorme interesse dos Bolsonaros por armamentos

Surge uma nova lista de perguntas que devem ser respondidas por Jair Bolsonaro e seus filhos:

1) Por que uma empresa norte-americana, ligada a apoiadores de Donald Trump, mudou da área de publicidade para a de segurança pública e se instalou no Brasil em janeiro de 2019, primeiro mês de Bolsonaro na Presidência?

2) O que o representante brasileiro dessa empresa conversou com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no começo de 2020, em reunião na Câmara dos Deputados?

3) Após a reunião, como essa empresa conseguiu, mesmo sendo tão nova no país, uma série de contratos milionários com o governo federal?

4) Por que tanto o dono dessa empresa quanto Eduardo Bolsonaro estavam em Washington na véspera da invasão do Congresso dos Estados Unidos, em janeiro deste ano?

Essas são algumas das perguntas que surgem com a leitura de matéria publicada nesta segunda-feira (5) pela Folha de S. Paulo. O jornal descobriu as estranhas ligações entre a família Bolsonaro — que ignora a vacina contra a Covid-19, mas é obcecada por armas — e a Combat Armor Defense, empresa de Daniel Beck, apoiador militante de Donald Trump.

Conta a Folha que, em janeiro de 2019, logo após a posse de Bolsonaro, Beck mudou o objeto social de sua empresa nos EUA, que deixou de ser de prestação de serviços de publicidade e se voltou à área de segurança no Brasil. "Surgiu, assim, a Combat Armor Defense, que hoje atua com blindagem e venda de veículos e já firmou alguns milhões de reais em contratos com o governo federal. Entre os clientes estão a Polícia Rodoviária Federal e o Ministério da Defesa", informa o jornal.

Os contratos milionários aconteceram após reunião entre Eduardo Bolsonaro e o administrador da empresa no Brasil, Maurício Junot de Maria, que confirmou ao jornal o encontro. Segundo o relato, ele foi à Câmara e "pediu apoio" ao filho de Jair Bolsonaro.

A certeza de que os negócios seriam lucrativos era, aparentemente, grande. Ainda segundo a Folha, já em março de 2019, a Combat Armor começou a construir uma fábrica em Vinhedo (SP). Hoje, já criou uma filial no Rio de Janeiro e tem superintendências voltadas para o Paraná, o Espírito Santo e a Região Nordeste.

Contrato com PRF e Ministério da Defesa

Entre os negócios obtidos, para espanto de empresas que atuam há muito mais tempo no setor, estão três contratos de R$ 8,3 milhões para blindar veículos da Polícia Rodoviária Federal; o fornecimento de veículo de blindado ao Ministério da Defesa, no valor de R$ 273 mil; e outro de venda de veículos blindados para a Polícia Militar do Rio de Janeiro, no valor de R$ 9 milhões.

Como se já não fosse suficientemente estranha essa história, a reportagem ressalta também que Daniel Beck, o criador da Combat Armor, ganhou destaque após viralizar nas redes sociais um vídeo em que afirmou ter se reunido com Rudolph Giuliani, advogado de Trump, e com o empresário Michael Lindell, conselheiro do ex-presidente, na véspera do ataque ao Capitólio.

"Em outra gravação, no dia da invasão, Lindell mencionou ter tido um encontro com 'o filho do presidente do Brasil' na noite anterior. Eduardo estava em Washington naquele momento", informa o jornal. A Folha deu a oportunidade de Eduardo Bolsonaro explicar a história. Mas o que fez o filho do presidente? Negou-se. "Eduardo não respondeu às perguntas enviadas pela reportagem ao seu gabinete", afirma a reportagem.

Da Redação, com informações da Folha de S. Paulo



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