MST x Suzano e o acordo descumprido

O andamento de uma disputa entre Suzano Papel e Celulose, no extremo sul
da Bahia a maior produtora mundial de celulose, e o MST (Movimento dos
Trabalhadores sem Terra) teve mais um capítulo ontem, 8 de março, quando
sentaram à mesa o movimento social, a empresa, o governo da Bahia e o ministro
Paulo Teixeira, (do MDA), para retomar o diálogo interrompido

 O objetivo do encontro era mediar o conflito. A partir daí criou-se  criou uma mesa de negociação composta pelo governo federal, MST e a empresa, com a primeira reunião marcada para a próxima quinta-feira (16).

O diálogo entre Suzano e MST foi interrompido em 2016. De acordo com informações do MDA, o governo federal conduziu o processo para atender famílias que devem ser assentadas pelo programa de reforma agrária “Nós consideramos que tivemos um avanço no dia de hoje. É um acordo que nós também esperamos que seja um exemplo para o futuro do país. A gente inicia aqui um novo processo de resolução de conflitos”, afirmou Paulo Teixeira.


“Todos nós vamos trabalhar pelo cumprimento do acordo.
Todos nós queremos paz no campo, queremos uma relação de diálogo para solução de conflitos. O respeito ao direito à propriedade será uma tônica desses atores. A Suzano reconhece as obrigações assumidas no acordo e, agora, vai discutir os meios de execução com o governo federal”, afirmou o ministro à imprensa, após o encontro.

Entre outros, estiveram na reunião: o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias; o secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Paulo Henrique Rodrigues Pereira; o secretário da Casa Civil do Estado da Bahia, Afonso Florence; o presidente do Incra, César Aldrighi; a diretora do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Agrários do MDA, Cláudia Dadico; o vice-presidente da Suzano, Luís Bueno; o diretor-executivo Jurídico da Suzano, Walner Júnior; o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA); e João Paulo Rodrigues, Evanildo Costa e Lucinéia Durães, da direção nacional do MST.


Foto: Paulinho e Daniel Violal/Coletivo de Comunicação do MST-BA
Em Mucurí (BA), trabalhadores desocupam fazenda ocupada.

O MST foi despejado de áreas da    Suzano Papel e Celulose.    A ordem judicial foi iniciada na terça-feira, 7/março, nas três áreas da empresa, sem conflito, após oito dias de ocupação.

O acordo

Segundo o MST, a ocupação da área foi uma forma de pressão para que a Suzano cumprisse acordo firmado com o movimento e participação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em 2011. 

Na época, e como resultado de denúncias do MST sobre  os danos causados​​pela monocultura de eucalipto no extremo sul baiano, o pacto foi firmado com três gigantes do ramo:  Veracel, Fibria e Suzano, que se comprometeram a ceder terras para assentamentos da reforma agrária, informa o Brasil de Fato em matéria publicada em 07 de março.

“Nas áreas da Veracel foram assentadas 720 famílias; n as áreas da Fibria, foram 612 famílias. Decorridos 12 anos, porém, ainda não se efetivou o assentamento de 650 famílias aceitas pela Suzano. Em nota, a empresa afirma que “a entrega completa das áreas pela Suzano depende de processos públicos que ainda não ocorreram ou foram implementados pelo Incra”.

As ações do MST nas áreas da Suzano cumpriram o objetivo, também, de mostrar os custos ambientais e sociais causaram pela presença da empresa na região.

Em nota, o movimento destaca que a produção do eucalipto em grande escala causa uma “crise hídrica nos municípios” e ainda denuncia a “pulverização com área com agrotóxicos, o assolamento e a secagem dos rios e nascentes e a destruição da flora e fauna da região” .




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