Ex-presidente Bolsonaro insiste na narrativa da morfina para justificar postagem de vídeo
Jair Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal (PF), na quarta-feira (26/abril), no âmbito do inquérito dos atos golpistas de 8 de janeiro conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF)
No depoimento à PF, Bolsonaro afirmou que fez a publicação do vídeo de teor golpista "acidentalmente". O argumento faz lembrar a “famosa carta” que Temer teria divulgado também acidentalmente quando do golpe para o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
A representação encaminhada à PGR e aceita pelo ministro Moraes para incluir Bolsonaro como investigado no inquérito dos atos golpistas argumenta que “embora isoladamente possa parecer inofensiva aos olhos desatentos, considerado todo o contexto acima exposto, a princípio, parece configurar uma forma grave de incitação, dirigida a todos seus apoiadores, a crimes de dano, de tentativa de homicídio, e de tentativa violenta de abolição do Estado de Direito, análogos aos praticados por centenas de pessoas ao longo dos últimos meses”.
O ex-presidente é
investigado sob a acusação de ter sido um dos "autores intelectuais" da
tentativa de golpe de Estado e uma dessas evidências é um vídeo que postou em
seu Facebook, dois dias depois do levante antidemocrático, questionando o
resultado das eleições. Bolsonaro alega que postou o vídeo "sem querer"
por estar sob efeito de morfina (que somente causa confusão mental se
administrada em doses muito elevadas). Segundo os investigadores, o vídeo seria a principal evidência contra Bolsonaro.
À época da publicação, Bolsonaro estava
nos Estados Unidos e fora internado com dores abdominais. Os documentos
apresentados pela defesa do ex-presidente não configuram, porém, provas
consistentes. Entre eles há uma foto em que Bolsonaro aparece vestindo um
avental na unidade de saúde.
As apurações da Corte, têm quatro linhas de
investigação:
- Vândalos que invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília;
- Financiadores do levante antidemocrático
- Sobre as autoridades omissas e
- Autores intelectuais do ato, frente na qual Bolsonaro foi enquadrado (pessoas que, direta ou indiretamente, fomentaram o golpismo que culminou nos atos violentos do dia 8 de janeiro.
Alexandre de Moraes, ao acatar o argumento dos procuradores
e incluir Bolsonaro no inquérito, destacou o suposto crime cometido pelo
ex-presidente ao se utilizar de fake news para mobilizar sua base golpista.
À Revista Fórum, o advogado Renato Ribeiro de Almeida, doutor em Direito do Estado, explicou que a publicação com o vídeo questionando o sistema eleitoral,
a qual Bolsonaro afirma que fez "sem querer", é o elo que pode levá-lo à
condenação pela prática de incitação ao crime, delito previsto no Código Penal
Brasileiro com pena prevista de 3 a 6 meses de prisão e multa.
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Foto de avental, imagem que Bolsonaro...
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