Líderes sul-americanos assinam Consenso de Brasília, que abre portas para integração continental



Líderes dos 12 países da América do Sul se reuniram em Brasília nesta terça, 30/5. Foto: Ricardo Stuckert/PR


Reunidos a convite do Brasil, líderes de toda a América do Sul aprovam documento com abordagem na retomada do diálogo e da cooperação no continente


Planalto – Os presidentes dos países da América do Sul estarão em Brasília nesta terça-feira, 30/maio, para uma reunião multilateral a convite do presidente Luiz Inácio da Silva. No evento, realizado no Palácio Itamaraty, os líderes assinaram o Consenso de Brasília, documento que elege a integração e o combate às mudanças climáticas como prioridade para os próximos anos na região.

No texto, os chefes de Estado e governo endossam a visão de que “a América do Sul constitui uma região de paz e cooperação, baseada no diálogo e no respeito à diversidade dos nossos povos, comprometida com a democracia e os direitos humanos, o desenvolvimento sustentável e a justiça social, o Estado de direito e a estabilidade institucional, a defesa da soberania e a não interferência em assuntos internos”.

A partir da assinatura do consenso, os chanceleres dos 12 países sul-americanos – Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela – vão formar um grupo para criar uma lista de propostas para o bloco, a serem mantidas em um prazo de 120 dias.

Para os presidentes, a visão é de que o mundo enfrenta múltiplos desafios, em um cenário de crise ambiental, ameaças à paz e à segurança internacional, pressionadas sobre as cadeias de alimentos e energia, riscos de novas pandemias, aumento de desigualdades sociais e ameaças à estabilidade institucional e democrática.

“Essa reunião serviu para todos nos encontrarmos, nos conhecermos. Hoje esse grupo é plural, diverso. Essa reunião é o exemplo de que ou nós nos juntamos para brigar pelos nossos interesses ou vamos ser marionetes nas mãos das grandes potências”, disse o presidente Lula em seu pronunciamento oficial no fim do dia.

parceria regional

 Durante as reuniões desta terça, os presidentes sul-americanos também ressaltaram a importância da união entre os países para enfrentar desafios como as mudanças climáticas, a transição energética, o tráfico de drogas nas fronteiras e a integração entre os países da região.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, pediu uma união sul-americana para enfrentar as questões globais. Para ele, as escolas do continente ocidental ensinam a história da região, tanto ou mais que o conteúdo atual, que dá destaque à história europeia. Além disso, a questão climática também é essencial para ele.

“Na América do Sul, somos os que menos emitimos gases de efeito estufa, mas a região é uma das mais afetadas pelos efeitos. O clima desconhece fronteiras, por isso precisamos enfrentar de forma conjunta. Os países que têm mais emissões precisam assumir mais compromissos e precisam chegar à COP30 com uma posição comum”, disse, em referência à conferência anual da ONU para o clima, cuja edição de 2025 será realizada em Belém (PA).

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, afirmou que a questão da proteção ambiental deve ser enfrentada de forma urgente. Ele destacou a poluição dos oceanos, a crise climática e a perda da biodiversidade como os problemas mais graves, citando iniciativas de seu governo nesse sentido.

“Há poucas semanas, chegamos ao fim de um processo de quase dois anos: a transferência de 10% da dívida externa do Equador com mercados internacionais foi utilizada para preservação das Ilhas Galápagos e da reserva marinha Hermandad”, contou. O negócio envolve quase US$ 1,6 bilhão em recursos, ressaltou.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, elencou a emergência climática como questão crucial. “Não é algo passageiro, que está à margem. Sabemos que isso vai definir o presente e o futuro da humanidade. Na América do Sul, temos uma grande vantagem: dividimos um espaço que oferece a melhor possibilidade de energia limpa, recursos e vantagens como a água”, declarou.

Irfaan Ali, presidente da Guiana, conto que é favorável à integração regional e que é o momento dos líderes do continente definirem o que consideram “aceitável em termos de segurança e transição energética. Não precisa ser algo em torno de petróleo e gás. Temos alternativas para ajudar a garantir recursos energéticos para o mundo”.

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