Cúpula em Paris dá novo impulso para reforma do sistema financeiro mundial

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Cúpula  Novo Pacto Global, em Paris,  dá novo impulso à reforma do sistema financeiro mundial, mas tem ação limitada. Lula foi um dos estadistas que usou o púlpito para pedir mais representatividade nas instituições internacionais

O encerramento da  Cúpula para um Novo Financiamento Global se tornou palco para os países em desenvolvimento e emergentes reivindicarem reforma das instituições financeiras multilaterais, em especial o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, mesmo que com poder limitado.

Anfitrião da cúpula,  Emmanuel Macron, disse que o objetivo da reunião foi construir a "união" da comunidade internacional para chegar às respostas ao "duplo desafio” que é o combate às desigualdades e a proteção do planeta. Ao fim de dois dias de reuniões, o francês disse ter ouvido as críticas da maioria dos cerca de 40 líderes que participaram do evento. O presidente Lula usou o púlpito para pedir mais representatividade nas instituições internacionais. Dispensando o discurso escrito que segurava, Lula falou de improviso, com força e altivez, marcando, definitivamente, o papel do Brasil  na nova ordem  mundial.

Em sintonia com a fala do presidente Lula, o presidente da França acentuou:"Se nós fracassarmos, nós iremos certamente rumo à fragmentação das nossas instituições internacionais. As que existem serão progressivamente deslegitimadas pelos mais pobres e os emergentes, ajudados pelas intenções daqueles que podem ter intenções mais ou menos louváveis, com o dinheiro que poderá lhes servir". A nossa responsabilidade é manter essa união ao serviço dos nossos princípios e dos nossos bens comuns”.

Mais para os pobres


Um dos avanços da cúpula foi um acordo para realocar US$ 100 bilhões em Direitos Especiais de Saque do FMI – um instrumento monetário destinado a complementar as reservas oficiais dos Estados – em benefício dos países pobres, em particular, africanos. A manobra foi possível graças a gesto da França, do Japão e da China, que concordaram em ceder 40% e 28%, no caso chinês, de seus próprios direitos de saques.

Outro avanço, embora definido como "insatisfatório" pelo próprio Macron, foi a revelação de que a meta de US$ 100 bilhões de financiamento para o clima tem "grandes chances" de ser alcançada ainda em 2023, segundo o comunicado final do evento, revelado pela agência Reuters. O cumprimento desse compromisso já é considerado insuficiente para ajudar os países pobres à altura da emergência climática.

A ajuda de países ricos ao Senegal buscando tornar sua matriz energética mais limpa e a reestruturação da dívida da Zâmbia são computadas, também, como vitórias da Cúpula.

De acordo com o texto final do encontro, os líderes concordaram em pedir aos bancos multilaterais de desenvolvimento que aumentem sua capacidade de financiamento para apoiar os países menos desenvolvidos, altamente endividados após a crise da covid-19. "Esperamos um aumento geral de US$ 200 bilhões na capacidade de empréstimo dos bancos multilaterais de desenvolvimento nos próximos dez anos, otimizando seus balanços e assumindo mais riscos”, afirma o comunicado, conforme a agência Reuters.

Reportagem Ópera Mundi ponbtua que em suas manifestações, o presidente da França  não mencionou avanços para a criação de um imposto sobre o carbono no transporte marítimo internacional – um dos principais objetivos dos franceses. A ideia seria direcionar os recursos para financiar a transição ecológica nos países que mais precisam. “Nós somos favoráveis porque é um setor que gera muito dinheiro e não é taxado”, acentuou Macron, ciente de que os Estados Unidos não aprovam a medida.

Crítica das ONGs


Segundo a Reuters, para as organizações não-governamentais que acompanharam o evento, a cúpula "fez novo do velho”. Harjeet Singh, da rede internacional de ONGs Climate Action Network (CAN), criticou a ideia de uma possível suspensão dos pagamentos "em vez de um cancelamento total da dívida”. Para ele, os líderes empurraram as responsabilidades para o setor privado – cobrado para participar mais dos financiamentos em benefício dos países pobres – e "ignoraram o papel fundamental que as finanças públicas devem desempenhar”.

"O que está claro é que esta cúpula não levará a nenhuma decisão vinculativa e forte", disse Soraya Fettih, porta-voz da associação ambientalista 350.org, em uma manifestação organizada na Praça da República, em Paris. Mais de 350 pessoas participaram do protesto na manhã de sexta-feira. Ativistas transformaram dólares negros gigantes em dólares verdes, para pedir aos líderes políticos que parem de investir em combustíveis fósseis, que estão entre os maiores causadores do aquecimento global.



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"Um discurso como jamais vi um estadista fazer nos últimos tempos," diz José Reinaldo. Autêntico, vigoroso, realista, revolucionário, Lula fez um discurso digno dos melhores estadistas das últimas décadas

 



Reflexões exemplares sobvre a fala de Lula em Paris: Lula pautou a agenda para a disciussão do futuro da humanidade" (José Genoíno)

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