Jornal Libération critica Lula, que não se curvou ao Ocidente


Jornal francês chamou o presidente Lula de "falso amigo dos ocidentais", por defender os interesses dos países mais pobres e por sua posição sobre a guerra da Ucrânia

Quem não lembra daquele quadrinho em que um dos personagens grita: "Quem vem lá? Amigo ou inimigo? O segundo personagem de pronto responde: Amigo. E ao se aproximar, lasca-lhe uma  cacetada  no inquiridor, ao mesmo tempo em que já vai explicando: Falso amigo.
Pois a reportagem do Libération remete a isso, indiscutivelmente: uma piadinha bem humorada de desenho animado (veja bem, não se está falando em charge), na medida em que a expectativa do jornal se revela completamente non sense.
Do Brasil 247 – Em matéria de capa na edição desta quinta-feira (22/junho),  intitulada "Lula la decepção", o jornal aponta que derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de outubro de 2022 causou alívio, mas os países ocidentais tinham esquecido que o ex-metalúrgico, três vezes chefe de estado, não era alinhado com suas ideias. "Ele era esperado como messias, mas sua imagem se ofuscou um pouco", afirma o texto.
O presidente brasileiro não é o aliado precioso esperado pelos países ocidentais, reconhece o jornal, sobretudo quando o assunto é a guerra na Ucrânia e o isolamento da Rússia. Outros pontos de discórdia são a posição de Brasília sobre Caracas e as declarações de Lula, que incomodaram Washington, sobre as "sanções exageradas" dos Estados Unidos à Venezuela, uma política, segundo a especialista Armelle Anders, entrevistada pelo jornal, marcada por um "grande rancor contra os Estados Unidos", tese refutada na própria matéria.

Jacques Kourliandisky, diretor do Observatório da América Latina para a Fundação Jean Jaurès, também citado pelo jornal, recusa a tese do “anti-americanismo primário” e afirma que a linha de Lula não mudou: "uma política de alto nível e ativa, que pressupõe que o Brasil seja reconhecido como um ator global capaz de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança" da ONU. Mas apesar dos percalços diplomáticos, Libération admite que a relação entre os dois líderes é muito mais tranquila do que com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A Europa quer reduzir a influência da China no Brasil e, com o retorno de Lula ao poder, as discussões sobre o acordo Mercosul-União Europeia retornaram, apesar de esbarrarem no protecionismo francês e em exigências ambientais, lembra bem a reportagem do Brasil 247.
Lula lembrou que os acordos comerciais têm que ser mais justos. "Estou doido para fazer um acordo comercial com a União Europeia, mas a carta adicional com ameaça a um parceiro estratégico não é possível", disse, em discurso durante um evento em Paris.
No discurso pela manhã durante a Cúpula para um Novo Pacto de Financiamento Global, Lula também disse que a Organização das Nações Unidas (ONU) precisa recuperar sua força política e criticou o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) por, segundo ele, "deixarem muito a desejar" em relação às expectativas das pessoas.
"Me desculpem Banco Mundial e FMI, mas nós precisamos rever o funcionamento, disse o presidente em seu discurso. "A ONU precisa voltar a ter representatividade, a ter força política", acrescentou. 
Se o Brasil pretende assumir papel de destaque na geopolítica e economia mundial, precisa manter no horizonte o conceito que vem empregando com muita propriedade em sua política externa: altivez. 

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