Saúde vai dobrar o número de pacientes com hepatite B em tratamento no Brasil

Novo protocolo antecipa medicação e deve expandir o acesso ao tratamento para 100 mil pessoas. Essa e outras medidas de combate às hepatites devem levar a eliminação da doença até 2030

Foto: Rafael Nascimento/MS


O Ministério da Saúde vai ampliar e simplificar o diagnóstico e tratamento de hepatite B no Sistema Único de Saúde (SUS). A expectativa, com a adoção das novas diretrizes, é mais do que dobrar o número de pessoas em tratamento no Brasil. Atualmente, 41 mil pessoas têm acesso aos medicamentos e esse número pode chegar a 100 mil. As mudanças são baseadas em evidências científicas mais atuais e posicionam a política de combate à doença no Brasil como uma das mais avançadas do mundo.

Essa é uma das medidas adotadas pelo Ministério da Saúde para o fortalecimento do combate às hepatites virais. A atual gestão atua, também, em ações de prevenção, principalmente com a vacinação contra hepatite A e B, e na expansão do acesso a diagnóstico e tratamento contra hepatite B e C. Com isso, a pasta espera que a eliminação dessas doenças como problema de saúde pública ocorra até 2030.

Ao todo, incluindo as hepatites virais, o Brasil assumiu o compromisso de eliminar 14 doenças determinadas socialmente nos próximos sete anos. Em relação às hepatites B e C, a meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é diagnosticar 90% das pessoas com hepatites virais, tratar 80% das pessoas diagnosticadas, reduzir em 90% novas infecções e em 65% a mortalidade.

No Brasil, estima-se que 520 mil pessoas tenham hepatite C, mas ainda sem diagnóstico e tratamento. Até 2022, cerca de 150 mil pessoas já tinham sido diagnosticadas, tratadas e curadas da hepatite C. No caso da hepatite B, estima-se que quase 1 milhão de pessoas vivam com a doença no país e, destas, 700 mil ainda não foram diagnosticadas. Até 2022, 264 mil pacientes tinham sido diagnósticos com a doença e 41 mil estão em tratamento.

No período de 2000 a 2022, foram diagnosticados 750.651 casos confirmados de hepatites virais no Brasil. Desse total, o maior percentual e de hepatite C (39,8%), seguido de hepatite B (36,9%) e hepatite A (22,5%). O Nordeste concentra a maior proporção das infecções pelo vírus A (30%) e no Sudeste estão as maiores proporções dos vírus B (34,2%) e C (58,3%).

Em relação a mortalidade, de 2000 a 2021, foram 85.486 óbitos por hepatites virais. A infecção pelo vírus C é o de maior letalidade, concentrando 76,1% dos óbitos, seguido pela hepatite B (21,5%) e, muito abaixo, está hepatite A (1,5%).


Incentivo à testagem


Com o slogan “Hepatites, descubra se você tem”, a campanha do Ministério da Saúde destaca a importância da testagem para os vários tipos da doença. O SUS disponibiliza, gratuitamente, nas Unidades Básicas de Saúde, testes rápidos para hepatite B e C, em que é possível detectar a doença com uma gota de sangue. A confirmação do diagnóstico é feita por meio de teste rápido molecular.

Ainda não há tratamento capaz de curar a hepatite B, porém, além da prevenção com vacina, há medicamentos que colaboram para o controle da carga viral. Para hepatite C, o SUS disponibiliza tratamento altamente eficaz de curta duração que garante cura em cerca de 95% dos casos.

As vacinas contra hepatite A e B fazem parte do calendário nacional, cujas cobertura vacinal estão 72,7% e 77,7%, respectivamente. Longe da meta de 95% de cobertura. A vacina da hepatite A tem esquema de uma dose aplicada aos 15 meses de vida e também está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) com duas doses para pessoas acima de 1 ano de idade com determinadas condições de saúde. Já a vacina da hepatite B, a recomendação é que se façam quatro doses da vacina, sendo: uma ao nascer (vacina Hepatite B), e aos 2, 4 e 6 meses de idade (vacina Pentavalente). Para a população adulta, o esquema completo se dá com o registro de três doses.

Para quem tem mais de 20 anos, e não sabe se tomou as três doses de hepatite B, procure um posto de saúde para fazer o teste de hepatites. E o Ministério da Saúde recomenda que todas as pessoas com mais de 40 anos façam o teste.

No início de julho, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a lei que institui o Julho Amarelo no país, mês destinado à luta contra as hepatites virais. De acordo com o documento, também assinado pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, a ação terá foco na conscientização sobre os riscos da doença, nas formas de prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos. O projeto originário da lei é de autoria do atual ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Alexandre Padilha, deputado federal à época.



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