Elói Gallon e o "Cordão Umbilical"

No último dia 10 de outubro, na Câmara Municipal de Vereadores de Caxias do Sul, Elói Gallon foi agraciado com o título de Cidadão Caxiense. Mas esse não é o único motivo de ele voltar a "ser notícia"

no dia 13 de novembro, às 19:30, no colégio Murialdo centro, Gallon lança oficialmente o livro "Cordão Umbilical", registro de importante parte da caminhada que culminou com o reconhecimento de toda uma comunidade. Essa não é a primeira incursão de Gallon como autor. No passado, ele publicou poesias em algumas antologias de poetas caxienses, além da brochura O que é o Conselho Tutelar na prática. 

Cordão Umbilical  surgiu da ideia de registrar um pouco da nossa história. Foi escrito a quatro mãos, com minha companheira Nilza Parecida Gallon, que faleceu há dois anos. Seu lançamento deve ser em novembro, no colégio Murialdo. Cheguei a pensar em não publicá-lo, mas decidi que Nilza merecia essa homengaem.

O livro traz um pouco da construção da ideia de um abrigo diferente dos tradicionais. A gente foi morar dentro do abrigo para trabalhar com essas crianças e adolescentes, acolher essas crianças que os juízes retiram de casa por problemas familiares. Depois da primeira experiência acabaram surgindo outras seis casas lares. A gente fez casas menores, né? Ela é a semente das casas lares em Caxias do Sul. No livro Nilza e eu contamos um pouco dessa história toda e a gente aproveita para dar algumas dicas. Ele não quer ser um livro para ensinar, mas tem algumas dicas importantes para quem atua nessa área do acolhimento.

Atualmente, Gallon coordena a Pastoral do Menor na Diocese de Caxias do Sul e compõe o Conselho Nacional da Pastoral do Menor como suplente. Também é representando a CNBB no Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, o CONANDA. A trajetória do ilustre e recente Cidadão Caxiense começou cedo. "Nasci em Caibi, extremo oeste de Santa Catarina, onde trabalhei na roça até os 20 anos", conta Elói, lembrando que então foi para o seminário dos Freis Capuchinhos em Veranópolis, onde residiu por seis anos.  Daí,  ele resgata lembranças que fazem brilhar os olhos, saltando para 1987, quando veio para caxias do Sul e começou a trabalhar com crianças e adolescentes. 

"Nesse período entrei para a Pastoral do Menor e fui desenvolvendo um trabalho voluntário; fui Conselheiro Tutelar; participei no Conselho Municipal dos Direitos da Criança Adolescente e fui Presidente do Conselho Municipal em uma das gestões. Depois, me integrei à Fundação de Assistência Social, no governo do Pepe Vargas, de 1997 até 2004. Fui Conselheiro Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente e atualmente estou no CONANDA.

A sólida  militância, sempre ao lado das crianças e dos adolescentes, o levou a filiar-se ao PT  em 1995.  "Sempre atuei no campo da esquerda, sempre estive conectado ao partido dos Trabalhadores e sempre dediquei meu trabalho a crianças e adolescentes, sobretudo os de periferia, carentes, em situação de rua...", destaca Gallon, que, inicialmente, trabalhava na rua, passando depois para o acolhimento institucional na Casa Família Murialdo, nas Casas Lar Murialdo sempre nessa área e mais diretamente ligado aos jovens.

Foi essa caminhada que levou à indicação de Gallon ao título Cidadão Caxiense. "Vejo essa homenagem com muito orgulho, pois ela representa o reconhecimento não de um indivíduo, mas de uma causa, enfatiza ele.

 "Entendo que é uma homenagem à Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente de Caxias do Sul, porque,  de alguma forma, sinto que represento a Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e dos Conselhos Tutelares. Eu fui Conselheiro no primeiro Conselho Tutelar de Caxias do Sul. Então, fiquei muito feliz, pessoalmente, mas sobretudo porque esse foi um prêmio para a Rede. Sem dúvida, na hora da indicação, a vereadora Estela Balardin compreendeu a importância desse trabalho. Ela pegou bem essa ideia ao sugerir alguém que, de alguma forma, represente todas essas pessoas que atuam na defesa e garantia de direitos, lembra Gallon.