Nascido em Gaza, um documentário que precisa te incomodar




"Gostaria de viver como outras crianças do mundo 

Vivemos uma vida de merda, terra e mar, tudo bloqueado
Gostaria de ir à escola

Temos medo de andar por nossas terras, porque há mísseis instalados ali 

Muitas vezes penso em nossa situação e nunca vejo uma saída 

Onde não se consegue dormir é difícil sonhar" 






O documentário, filmado logo após ataques  de 2014 a Gaza por Israel,  mostra os resultados da violência na vida de crianças palestinas

Enquanto a imprensa mundial alardeia o "horror do ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro", vitimando cerca de 1300 pessoas, entre as quais cerca de 500 crianças, pouco se houve falar do ataque de 2014 a Gaza, por Israel, que matou maisde 2.250 palestinos, 500 dos quais crianças com menos de 12 anos, e feriu11.000 refugiados que viviam ali, amontoados à espera da morte. [Relembrando a ofensiva israelense contra Gaza de 2014]. "Nascido em Gaza" [disponível no Netflix] traz depoimentos de crianças. Ele expõe o terrível cotidiano de uma população em constante devastação e condições sub-humanas de sobrevivência graças ao cerco impingido por Israel. 
 
Um pequeno grupo de crianças conta os horrores vividos diarimente, as cicatrizes profundas, marcadas no corpo e na memória, como quando uma garotinha diz "temos medo sempre, nos assustamos com uma batida de porta".

Escrito e dirigido pelo cineasta ítalo-argentino Hernán Zin, "Nascido em gaza conquistou o prêmio de melhor documentário nos Prêmios Goya, o mais importante do cinema espanhol. Também venceu o primeiro lugar no Festival Internacional de Documentários Al Jazeera.

Com música de Carlos Martin e fotografia do diretor, Hernán Zin, o filme nos arranca da poltrona, conduzindo-nos por um universo terrível, por meio dos depoimentos de crianças brutalizadas, após ataques do Exército de Israel a civis desarmados no verão de 2014, na Faixa de Gaza.

A justificativa da agressão que ao fim e ao cabo não se sustrenta? A de quase sempre: Atacar o Hamas,
maior entre os vários grupos islâmicos palestinos – acrônimo árabe para Movimento de Resistência Islâmica.

O Likud, partido de Netanyahu, nunca escondeu que seu objetivo é apoderar-se de todo o espaço que hoje divide com a Palestina: a chamada Grande Israel. Prova disso é a recente apresentação de Israel em plena Assembleia Geral da ONU, quando mostrou um mapa de região do qual simplesmente apagou a Palestina.

Bibi Netanyahu já estava no poder em 2014, à frente da ofensiva israelense que chacinou e amedrontou para sempre os meninos e meninas retratados no documentário. A pergunta que fica evidente é: onde e como estarão eles hoje? Quantos sobreviveram? E agora, quantos deles reviveram o pesadelo e viram concretizar-se mais um ataque violento?

“Eu gostaria de entrar na resistência e fazer justiça por meus primos mortos”, diz um dos garotinhos no documentário. Um choque de realidade em um universo colonialialista de guerras entre grupos mergulhados na profunda desigualdade financeira e penúria social.

Se os EUA quisessem a paz, não vetariam propostas como a feita pelo Brasil em mais um sangrento ataque. Até quando o mundo vai fechar os olhos para Gaza, fingir surdez para o lamento dessas crianças, aceitar o papel de coadjuvante no extermínio monstruoso de milhares de crianças? 


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