Mauro Cid confirma Freire Gomes: Bolsonaro apresentou minuta golpista a comandantes das Forças

Ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel confirmou informação chave para incriminar Bolsonaro. Ele relatou ainda outros quatro encontros golpistas convocados pelo ex-presidente




Revista FórumNo depoimento de cerca de 9 horas à Polícia Federal (PF),  na terça-feira (12/março), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, confirmou que Jair Bolsonaro (PL) participou de, pelo menos, 5 reuniões golpistas.

Cid admitiu que a reunião ocorreu, mas que não esteve na sala com Bolsonaro e a cúpula militar. A informação é crucial para confirmar que Bolsonaro comandou antentativa de golpe, que só não teria ocorrido por oposição de Freire Gomes e Baptista Junior, enquanto Garnier teria colocado as tropas à disposição.

Em consonância com o ex-comandante do Exército, o tenente-coronel afirmou que mantinha Freire Gomes atualizado sobre o que classificou como "pressão" que Bolsonaro sofria para colocar o golpe em marcha.

Segundo Cid, relata a reportagem da Fórum, "o general estava preocupado com a possibilidade de golpe e queria saber quem estava inflamando Bolsonaro e as reações do ex-presidente."

Em mensagem captada pela PF em seu celular, Cid atualiza Freire Gomes sobre a situação no Alvorada, onde Bolsonaro instalou o QG do golpe, e chega a citar alterações no "decreto".

“Boa tarde, general. Só para atualizar o senhor que vem acontecendo e o seguinte. O presidente tem recebido várias pressões para tomar uma medida mais, mais pesada onde ele vai, obviamente, utilizando as forças, né [...] A pressão que ele tem recebido é muito grande. [...] Ele enxugou o decreto, né? Aqueles considerandos que o senhor viu e enxugou o decreto, fez um decreto muito mais resumido", afirmou Cid ao ex-comandante do Exército.


O decreto, segundo a PF, seria a minuta golpista, que previa a instauração de Estado de Sítio. Freire Gomes declarou que na reunião com os comandantes, o documento entregue a Bolsonaro pelo ex-assessor, Filipe Martins, previa as prisões de Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Bolsonaro, no entanto, teria deixado apenas Moraes na lista dos que iriam para a cadeia com o golpe.

Em seu depoimento, Cid ainda detalhou outras quatro reuniões feitas por Bolsonaro para discutir o plano para um golpe de Estado. Além da reunião com os ministros em 5 de julho de 2022, que foi gravada pelo próprio tenente-coronel, Bolsonaro se reuniu com Filipe Martins, com o comandante dos chamados Kids Pretos – as Forças Especiais do Exército – e com o major que coordenava os atos e o acampamento golpista em frente ao Quartel General do Exército em Brasília.

Com Filipe Martins, Bolsonaro teria recebido a proposta do decreto de golpe de estado, que teria sido elaborado com o auxílio do advogado Amauri Feres Saad, que também esteve no encontro.

Já com o coronel do Exército Bernardo Romão Correia Neto, então assistente do Comando Militar do Sul, o assunto foi a participação dos "kids pretos". A reunião realizou-se no dia 28 de dezembro de 2022 com a presença de oficiais com formação nas forças especiais e assistentes de generais supostamente favoráveis ao golpe.

Antes disso, em 12 de dezembro, Bolsonaro recebeu o major Rafael Martins, que posteriorimente chegou a pedir R$ 100 mil a Cid para levar manifestantes a Brasília.

Cid, no entanto, teria dito que as "minutas golpistas" seriam "cenários" que Bolsonaro estudava colocar em prática caso fossem confirmadas as fake news sobre fraude nas eleições.

Na contramão, também em depoimento à PF, o ex-comandante da Aeronáutica, Baptista Junior, afirmou que alertou Bolsonaro de que não houvera fraude nas eleições vencidas por Lula, baseando-se em relatório feito pelos próprios militares.

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