Com Tarcísio aulas digitais serão produzidas com ChatGPT no lugar de professores

A função dos docentes será revisar o material feito por inteligência artificial para alunos a partir do 6º ano



Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai passar a usar o ChatGPT, ferramenta de inteligência artificial, para produzir  aulas digitais  usadas por professores de todas as escolas da rede estadual paulista.

Atualmente, o material didático é produzido por professores curriculistas – especialistas na elaboração desse tipo de conteúdo. A partir do novo processo a função desses professores será  avaliar a aula gerada  com uso de inteligência artificial e realizar ajustes necessários adequando-a aos padrões pedagógicos. Segundo a secretaria, a equipe de produção dos materiais conta com 90 professores curriculistas.

De acordo com documento a que a Folha teve acesso, a ferramenta de inteligência artificial (IA) deve gerar a "primeira versão da aula com base nos temas pré-definidos e referências concedidas pela secretaria". Numa segunda etapa, os professores serão responsáveis por editar o material e encaminhar para uma equipe interna da secretaria, que fará a revisão final de aspectos linguísticos e formatação.

Vale lembrar que no ano passado (2023), o secretário de Educação, empresário Renato Feder,   decidiu abrir mão dos livros didáticos impressos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Segundo o cenário ensaiado então,  as escolas teriam à disposição apenas slides do conteúdo

Depois de uma série de críticas sobre a inviabilidade de se usar apenas o material digital e de diversos erros serem encontrados nas aulas produzidas pela secretaria, o governo Tarcísio anunciou um recuo parcial, decidindo que São Paulo voltaria ao programa nacional para continuar recebendo os livros impressos, mas manteve a produção e envio de slides para as aulas. 

Especialistas e professores encontraram diversos tipos de erros no material distribuído pelo governo Tarcísio. Foram apontados erros gramaticais e conceituais, além de atividades em desacordo com o que deveria ser ensinado para cada série. Uma das aulas, por exemplo, dizia que a Lei Áurea, de 1888, foi assinada por dom Pedro 2º e que a capital paulista possui praias.

A nova investida

Em nota, a Secretaria de Educação confirmou que planeja testar o uso de inteligência artificial para produzir as aulas digitais do terceiro bimestre dos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) e do Ensino Médio. A ferramenta vai ser usada para melhorar o que foi elaborado anteriormente pelos professores,  segundo a reportagem da Folha. 

A nota afirma, ainda, que o processo de fluxo editorial com o ChatGPT "ainda será testado e passará por todas as etapas de validação para que seja avaliada a possível implementação." [...] Na sequência, esse conteúdo será avaliado e editado por professores curriculistas em duas etapas diferentes, além de passar por revisão de direitos autorais e intervenções de design. Por fim, se essa aula estiver de acordo com os padrões pedagógicos, será disponibilizada como versão atualizada das aulas feitas em 2023", diz a nota.

De acordo com a secretaria, o ChatGPT será configurado para gerar as aulas, usando como referência o que foi produzido pela equipe nos últimos meses, além do material didático de outros autores.

Ainda de acordo com a pasta, a ferramenta vai aprimorar as aulas produzidas anteriormente pelos docentes, "com a inserção de novas propostas de atividades, exemplos de aplicação prática do conhecimento e informações adicionais que enriqueçam as explicações de conceitos-chave de cada aula."

Segundo Feder, a decisão de usar o Chat GPT objetiva agilizar a produção do material didático que é usado pelos 3,5 milhões de alunos da rede estadual paulista. Até o segundo bimestre/2024, os professores entregavam quatro aulas por semana. Com o uso da ferramenta, eles passam a ter que entregar três aulas a cada dois dias úteis —ou seja, pelo menos seis por semana.

O secretário defende que o material produzido com uso de IA é mais adequado para orientar as aulas, já que prioriza os conteúdos  cobrados em avaliações nacionais, como o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).

Segundo a Folha, apesar de afirmar que o processo ainda está em teste, os professores curriculistas já receberam as orientações sobre como devem trabalhar nas próximas semanas.

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