Com 8.716 contemplados, Bolsa Atleta tem recorde histórico

João França, do halterofilismo paralímpico: há dez anos no Bolsa Atleta


“Se não fosse o Bolsa Atleta, acho que muitas modalidades teriam fechado as portas. O Bolsa Atleta me permitiu ter esperança no esporte. É o que me permite viver daquilo que amo, que é competir”


Aos 28 anos, o halterofilista paralímpico João França fala a partir de uma longa estrada percorrida. Nascido em Natal com artrogripose, uma má formação das articulações, ele passou pelo atletismo e basquete paralímpicos e há dez anos encontrou-se no halterofilismo. Desde então, integra o programa do Governo Federal. “Há dez anos represento a Seleção Brasileira e há dez anos estou no Bolsa Atleta. Ele é de fundamental importância não só para eu continuar competindo, mas para fazer disso a minha profissão”, diz.

Há dez anos represento a Seleção Brasileira e há dez anos estou no Bolsa Atleta. Ele é de fundamental importância não só para eu continuar competindo, mas para fazer disso a minha profissão”

Na quarta-feira (22/maio), o Bolsa Atleta atingiu patamar inédito. A lista de contemplados publicada no Diário Oficial da União é a maior da história: 8.716 atletas. O investimento federal para 2024 é de R$ 148,9 milhões. 

Do total de contemplados, a maior parte, 6.240 representantes, competem em 39 modalidades olímpicas. Outros 2.210 atletas defendem 25 modalidades paralímpicas. Neste ano, o Bolsa Atleta, depois de anos de pleito do setor, beneficia também representantes de 15 modalidades do programa surdolímpico. São 238 contemplados.

TRANQUILIDADE  

 Medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992 no judô e atual diretor-geral do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Rogério Sampaio reforça a importância do Bolsa Atleta para o esporte nacional. “Esses programas dão uma tranquilidade financeira para que o atleta possa ter recursos para pagar plano de saúde, comprar material esportivo e para que possa disputar as competições dentro do Brasil. É importante para que a gente tenha cada vez mais atletas em mais alto nível participando de competições”, afirma o dirigente.

Uma das sensações da etapa do WTT do Brasil de tênis de mesa, que está sendo disputada no Rio de Janeiro nesta semana, o jovem Leonardo IIzuka, de 18 anos, é integrante do programa desde as categorias mais básicas. Hoje está na Internacional. Após superar o francês Kan Akkuzu por 3 sets a 1 para chegar às oitavas de final do torneio nesta quinta-feira (23/5), ele definiu a importância do programa em sua trajetória. 

"O Bolsa Atleta é uma ajuda do governo que acaba dando suporte para a gente viajar mais, treinar em outros lugares, disputar mais torneios, porque nem todo mundo uma condição financeira favorável. Isso ajuda bastante a gente a seguir na carreira e a alcançar os objetivos que a gente está buscando".Leonardo IIzuka, um dos melhores atletas da nova safra do tênis de mesa brasileiro, está na lista de contemplados. Foto: Abelardo Mendes Jr. / OTD

 

RELEVÂNCIA 

A dimensão do Bolsa Atleta é comprovada no número de atletas contemplados que integraram a delegação brasileira nos últimos dois maiores eventos do esporte mundial: os Jogos Olímpicos e os Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2021. Nos Jogos do Japão, 80% dos integrantes da delegação olímpica e 95% da paralímpica eram bolsistas. 

Nas Olimpíadas, o Brasil conquistou 21 medalhas (sete ouros, seis pratas e oito bronzes), em 13 modalidades e terminou na 12ª colocação no quadro de medalhas. Em 19 dos 21 pódios (90,45%), os atletas recebiam o Bolsa Atleta. Já nas Paralimpíadas, foram 72 medalhas (22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes) conquistadas, o que rendeu ao país a sétima posição no quadro de medalhas. Os bolsistas representaram 68 dos 72 pódios conquistados: 94,4% do total.

BOLSA PÓDIO  

Em abril, o Diário Oficial da União publicou a lista dos contemplados com a Bolsa Pódio, a categoria mais alta do Bolsa Atleta, voltada aos atletas com mais chance de conquistar medalhas nos grandes eventos internacionais, como Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Foram beneficiados 312 atletas, entre eles 104 de esportes olímpicos, 202 do esporte paralímpico, quatro atletas-guias e dois representantes do programa surdolímpico, que recebem bolsas que variam de R$ 5 mil a R$ 15 mil mensais pelos próximos 12 meses.

RECORTES  

A Região Sudeste é a residência de mais da metade dos contemplados: 4.403. Depois dela, aparecem Sul (1.889), Nordeste (1.364), Centro-Oeste (668) e Norte (392). São Paulo, com 2.973 beneficiados, é o estado com maior número de representantes. No recorte por modalidade, o atletismo detém o maior número de contemplados, tanto na modalidade paralímpica (784 representantes) quanto olímpica (589). Já entre as modalidades do programa surdolímpico, o futebol é o que tem mais atletas, com 56 contemplados. Na divisão por sexo, os homens são maioria: 4.849 beneficiados. As mulheres somam 3.867.

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