IPH da UFRGS explica causas e consequências da enchente no Rio Grande do Sul

Foto: Flávio Dutra / UFRGS
Cientistas estudam o comportamento das águas e alertam para riscos de inundações



Número de seguidores em redes sociais salta de mil para 11,9 mil, em meio a explicações e orientações sobre a enchente



GZH –  "Sempre fomos muito demandados, sobretudo por prefeituras e órgãos públicos, mas o grande público não vê. Isso começou a mudar depois da enchente de setembro, quando teve grande destaque uma nota técnica que fizemos com sugestão de ações de curto, médio e longo prazo. Agora, a visibilidade aumentou com as projeções diárias do Guaíba", diz  o diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), Joel Goldenfum.

Criado para atender as necessidades da então Secretaria Estadual de Obras Públicas, sobretudo no ensaio de grandes empreendimentos em maquetes, o IPH ocupa nove prédios espalhados por 17 hectares do campus do Vale. Nos anos iniciais, professores de Estados Unidos, França, Portugal e Reino Unido formaram as primeiras turmas, diz reportagem do ZH.

Na enchente atual, a ação é multidisciplinar. Há equipes coletando amostras das regiões alagadas para detectar compostos orgânicos e patogênicos, mapeando áreas inundadas, verificando o sistema de proteção e de bombeamento da água represada, entre outras atividades. Segundo o diretor do IPH, Joel Goldenfum, desde o início o instituto percebeu que estava diante de um evento histórico. A partir daí, o monitoramento de todos os rios que desaguam no Guaíba passou a ser sistemático.

O IPH alerta para a necessidade de medidas estruturais de controle desde 2014. O principal, sustenta o pesquisador, é a adoção de mecanismos mais eficientes de monitoramento e alerta, além de treinamento da população para a percepção de riscos.

"Todos os modelos apontam para aumento da frequência e da intensidade de eventos extremos. Vamos ter mais secas e mais enchentes, cada vez piores. A gente chama de desastre natural, mas não é natural. É antrópico. E é mais barato e eficiente disciplinar a ocupação de zonas urbanas e rurais do que construir medidas de proteção. Se tivéssemos erguido diques no Jacuí, a água teria passado por cima ", explica Goldenfum.

Egresso do IPH, o reitor da UFRGS salienta a sapiência gerada no Instituto e diz que a instituição está aberta para compartilhar toda experiência acumulada em sete décadas de estudos hídricos. Carlos André Bulhões manifesta especial contrariedade com a contratação de consultorias externas diante da familiaridade da Universidade com a realidade estadual.

"Uma organização local tem a vantagem de conhecer o ambiente, entender a cidade e a vida das pessoas. Até porque, seja quem for, virá bater nas portas da UFRGS e do IPH atrás de solução, pois somos o fiel depositário da história, do conhecimento e dos dados", — afirma Bulhões.

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