Tênis de mesa paralímpico: Brasil tem 15 atletas na França em busca de ouro inédito

Foto: Alê Cabral / CPB
Bruna Alexandre tem uma prata e um bronze individual na classe 10. Luta pelo ouro em 2024, 
ano em que se tornou a primeira atleta paralímpica do Brasil a disputar também Jogos Olímpicos


Todos os convocados para representar o país são integrantes do Bolsa Atleta do Governo Federal. Na história da modalidade, país já subiu oito vezes ao pódio, com três pratas e cinco bronzes


"Muito legal a Paralimpíada. Muito. Vou sentir muitas saudades". A fala é de um Lucas Carvalhal Arabian ainda criança, aos 10 anos, de frente para a câmera, vestindo camisa alaranjada do Corinthians e com duas bandeiras brasileiras encaixadas em sua cadeira de rodas. Ele estava no Parque Olímpico da Barra, no Rio de Janeiro, curtindo os Jogos Rio 2016 (veja abaixo). O mesmo Lucas, oito anos depois, tem uniforme e perspectivas bem distintas. Aos 18 anos, é um dos 15 integrantes da seleção de tênis de mesa que vai defender o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Paris, na França.

Medalhista de bronze no Mundial de 2022, prata nos Jogos Parapan-Americanos do Chile e ouro numa etapa do circuito internacional na Finlândia, ambos em 2023, ele é um “legado vivo” dos megaeventos no país. Começou a praticar o tênis de mesa por reabilitação mais ou menos na época da gravação do vídeo e, dois ciclos depois, vai matar as saudades dos Jogos Paralímpicos de uma maneira que sequer poderia sonhar em 2016. As Paralimpíadas serão de 28 de agosto a 8 de setembro e o Brasil terá 280 atletas inscritos em 20 modalidades.

“Eu entrei no tênis de mesa por reabilitação, mas sempre gostei de esportes. Sempre tive o sonho de ser atleta de alto rendimento. Acho sensacional estrear tão jovem em Jogos Paralímpicos. Vai virar uma bagagem incrível para a carreira internacional que pretendo ter. Só quero desfrutar ao máximo, me manter 100% focado e bem leve na mesa para fazer o melhor”, comentou o atleta paulista. Diagnosticado com um tumor na medula ainda bebê, ele passou por vários processos cirúrgicos e de reabilitação.


PARA QUEM 

O tênis de mesa paralímpico é praticado por atletas com paralisia cerebral, amputados, cadeirantes e pessoas com deficiência intelectual. São 11 classes. De 1 a 5 para cadeirantes. De seis a 10, para "andantes". Nos dois casos, vale a regra: quanto menor o número da classe, maior a restrição de mobilidade. A classe 11 é para andantes com deficiência intelectual. Em Paris, há 31 eventos com medalhas.

Lucas atua na Classe 5, para cadeirantes com maior mobilidade física e motora. Toda vez que entrar na mesa na Arena Paris Sul, ele sabe que precisa vencer três sets de 11 pontos para obter a vitória. Ele vai disputar a chave individual e atuar na dupla mista com Cátia Oliveira, medalhista de bronze na chave individual nos Jogos de Tóquio na Classe 2.

ADAPTAÇÕES 

São poucas as adaptações do tênis de mesa paralímpico em relação ao olímpico, todas para as disputas entre cadeirantes como Lucas. O saque precisa sair pela linha de fundo do adversário nas disputas individuais. Nas duplas, em vez de os jogadores rebaterem alternadamente a bola, qualquer um dos dois pode rebater.


Lucas Arabian: de fã dos Jogos Paralímpicos Rio 2016 a atleta da seleção em 2024


OURO INÉDITO  

Até hoje, na história da modalidade em Jogos Paralímpicos, o país conquistou oito medalhas. São três pratas e cinco bronzes. Bruna Alexandre é uma das que bateu na trave. Integrante da classe 10, para andantes com grande capacidade motora. A atleta que se tornou em 2024 a primeira brasileira a atuar em Jogos Olímpicos e Paralímpicos na história esportiva nacional, foi bronze no Rio e prata em Tóquio no individual. Corre atrás do ouro inédito para ela e para a modalidade. “Eu tenho o sonho de conseguir a medalha de ouro em Paris, vou jogar dupla feminina, dupla mista e individual. No Rio fiquei com o bronze, em Tóquio fiquei com a prata e vou tentar agora o ouro nos Jogos de Paris”, afirmou Bruna.

ILUMINADA 

Entre as mesa-tenistas brasileiras nos Jogos Paralímpicos, a catarinense Danielle Rauen (classe 9) é uma das que chega no melhor momento da carreira. Nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago, no Chile, conquistou medalhas de ouro em tudo que disputou: individual feminino, duplas femininas e duplas mistas. Em Jogos Paralímpicos, ela já conta com dois bronzes no currículo. Ao lado de Bruna Alexandre e Jennyfer Parinos, foi terceira colocada por equipes no Rio 2016 (classes 6-10) e em Tóquio 2020 (classes 9-10). Agora, na capital francesa, o objetivo dela é aumentar a coleção e, quem sabe, subir degraus no pódio. Ela vai jogar a chave individual, fazer dupla com Bruna Alexandre e jogar ainda a dupla mista, com Luiz Manara. "Meu maior sonho, além de conquistar a medalha individual em Jogos Paralímpicos, é representar tantas pessoas, trazer um significado especial à vida das pessoas. Não são apenas conquistas que movem o esporte, o importante é como as pessoas lembrarão de você. Esse é o legado que eu gostaria de deixar", afirma.

NEGÓCIO DA CHINA 

Assim como no tênis de mesa olímpico, a China é o país dominante no paralímpico. O esporte é amplamente disseminado no país asiático, cultural, motivo de orgulho nacional. Na história dos Jogos Paralímpicos, os chineses conquistaram 75 ouros, 30 pratas e 20 bronzes. Só em Tóquio, em 2021, foram 26 medalhas.


  Foto: Alê Cabral/ CPB
Dani Rauen: dois bronzes no currículo e um ciclo vitorioso. Na foto, ao lado de 
Luiz Manara, com quem faz dupla mista



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