Projeto apoiado pela CAIXA implementa placas solares em comunidades ribeirinhas

Com incentivo do Fundo Socioambiental do banco, povos isolados da Amazônia ganharam qualidade de vida e a oportunidade de se desenvolver por meio do sistema de energia solar



Agência Caixa – Você conseguiria viver sem energia? Imagine ficar um dia só sem luz, televisão, os alimentos estragando na geladeira. Carregar o celular? Nem pensar! Parece inimaginável, mas essa ainda é a realidade de muitas comunidades ribeirinhas no Norte do país. Um projeto apoiado pelo Fundo Socioambiental (FSA) da CAIXA, no entanto, trouxe uma nova perspectiva para a população ribeirinha de Carauari, no Amazonas. Germano da Luz de Brito, morador da comunidade Pupuaí, explica como o projeto veio para somar na vida dele e de muita gente: “Nossa maior dificuldade era com a água. Quando faltava energia, a gente não tinha água potável para beber e preparar os alimentos", desabafa.

Intitulado “Pontos Solares Ribeirinhos", o projeto foi executado entre 2018 e 2023 pela Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), com subsídio de R$ 914,6 mil do FSA CAIXA. Por meio da implementação de sistemas de energia fotovoltaica, o objetivo foi desenvolver socioeconomicamente comunidades isoladas de populações tradicionais da região do Médio Juruá, potencializando iniciativas locais de geração de renda, comunicação e acesso à água e saneamento básico.

Entre as 2.250 pessoas beneficiadas está Germano. Ele tem uma vida simples: é agricultor, pai de cinco filhos e revela que trabalhar para sustentar e promover bem-estar para sua família é o que mais gosta de fazer, e que sonha em vê-los vivendo melhor. Entre os desafios enfrentados, ele cita a dificuldade de alimentação no período do inverno. Mas a chegada da energia solar levou para o cotidiano dos ribeirinhos coisas que são corriqueiras para tanta gente. O agricultor destaca que a nova forma de gerar energia possibilitou melhorias no armazenamento de alimentos e produtos perecíveis, além de ter ajudado a evitar doenças, graças à água potável. “Antes a gente não tinha nada disso", lembra.






O modelo implementado pela ASPROC promoveu inclusão e cidadania às famílias beneficiadas. Além da melhoria na conservação de alimentos e na comunicação, por meio do acesso à internet, a instalação dos sistemas de energia solar viabilizou a captação, tratamento e distribuição de água às famílias de 11 comunidades, acarretando a diminuição da carga de trabalho de mulheres e crianças, que deixaram de buscar água nos rios todos os dias, o que contribuiu significativamente para melhorar a saúde e a qualidade de vida dos ribeirinhos.

O sistema de energia limpa e economicamente viável também permitiu o processamento e a conservação de pescado oriundo das áreas de manejo sustentável e da pesca artesanal, além de ter garantido oportunidades de mercado na produção agroextrativista, bem como a gestão de sete empreendimentos solidários de comércio. Para que os benefícios permaneçam a longo prazo, seis gerentes de entrepostos e 22 lideranças comunitárias foram capacitadas sobre boas práticas, manutenção preventiva e gerenciamento do sistema de energia fotovoltaica, com a finalidade de garantir a autogestão, monitoramento e funcionalidade dos equipamentos instalados pelo projeto.

Essa inclusão energética sustentável gerou um aumento progressivo no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região, rompendo com a total dependência de sistemas não sustentáveis. O Amazonas é o maior estado do Brasil em extensão territorial e o acesso às comunidades ribeirinhas é desafiador. O diretor de Sustentabilidade e Cidadania Digital da CAIXA, Jean Benevides, enfatiza que a Amazônia brasileira possui uma área equivalente a 32 países europeus. “Quando se trabalha com responsabilidade socioambiental, a gente começa a compreender a complexidade de atuar numa região tão grande", reflete.

Germano destaca a importância de ter projetos e instituições de relevância nacional levando esperança a esses lugares: “Estamos passando por uma fase crítica no Brasil, com vários focos de queimada destruindo a nossa biodiversidade. É fundamental ter um banco representando nossos brasileiros e ajudando a cuidar do meio ambiente." O vice-presidente de Sustentabilidade e Cidadania Digital da CAIXA, Paulo Rodrigo de Lemos Lopes, reforça essa visão. “O FSA CAIXA apoia projetos de proteção das matas e rios, dá atenção às populações ribeirinhas e auxilia no desenvolvimento social e econômico das comunidades", afirma.

A coordenadora de Políticas Sociais da ASPROC, Antonia Helenilde Praxedes, conta que acessar “água segura" amenizou a luta diária e garantiu dignidade. “O fato de receberem água diariamente e poderem realizar as tarefas domésticas e as necessidades de higiene pessoal é muito importante. Foi um grande avanço e trouxe comodidade para todos", diz, ressaltando o engajamento das famílias beneficiadas ao criarem um fundo financeiro comunitário para gestão da água.

Lene – como é conhecida – destaca o impacto positivo do projeto na oferta de alimentos congelados durante o ano todo, principalmente no período de escassez do peixe, proporcionando opções de alimentação mais variadas e saudáveis. Ela também conta que, após a experiência do uso da energia solar para abastecimento de água e funcionalidade do comércio ribeirinho, a comunidade São Raimundo adquiriu uma mini usina de energia renovável para que todas as famílias pudessem ter energia 24 horas, usufruírem dos seus eletrodomésticos e consumirem alimentos perecíveis, o que antes era inviável. “Com o apoio da CAIXA, foi possível melhorar a qualidade de vida dos ribeirinhos que vivem isolados e com dificuldade de acessar benefícios que podem transformar sua forma de viver e pensar. Essa parceria transformou vidas e abriu novas possibilidades para um povo que muitas vezes se sente esquecido", evidencia.

A energia solar tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil, principalmente por suas vantagens econômicas e ambientais. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), atualmente ela representa cerca de 17% de toda a matriz elétrica brasileira, estimando um crescimento de 4,5% em apenas um ano e tendo ultrapassado, nos últimos anos, a energia eólica. No momento, a energia solar é a segunda maior fonte do país, superada apenas pelas hidrelétricas – que detêm quase metade da potência total instalada (48,7%) de energia elétrica do país.

Além de não agredir o meio ambiente, essa fonte de energia renovável reflete uma redução expressiva na conta de luz para quem implementa o sistema. Por isso, as placas solares têm se tornado uma alternativa não só para imóveis residenciais, como também para empresas, comércios e produtores rurais. As regiões Sul e Sudeste ainda dominam o ranking da produção de energia solar, mas, aos poucos, outras regiões do país buscam evoluir neste aspecto. É um caminho sem volta. No caso das comunidades ribeirinhas do Norte ou em outras áreas isoladas do país, a energia fotovoltaica chega como opção para mitigar a precariedade na geração de energia elétrica.

Orgulho de trabalhar em prol da comunidade

Na comunidade de Nova Esperança, Francisco Souza Leite vive com a esposa e os três filhos. Ele é sócio comunitário e diretor da ASPROC, mas diz que, desde antes, como morador, já gostava de buscar meios para melhorar a vida dos ribeirinhos em sua comunidade. Ele vai todos os dias para o roçado e também acompanha de perto o trabalho realizado em uma cantina instalada pela associação na beira do rio, onde são armazenadas mercadorias que vêm de Manaus, como mantimentos e gás de cozinha, que podem ser trocados por produtos como a borracha fabricada pelos seringueiros. Além disso, a farinha produzida nas comunidades é recebida, tratada e embalada na cantina para depois ser levada a Carauari, na busca de mercado para que o produto seja comercializado.

A distância entre Carauari e Manaus, capital do Amazonas, é de aproximadamente 780 quilômetros. Francisco revela que todo esse processo envolve uma logística complexa, mas que tudo é feito visando melhorias e a geração de renda para a população. Ele destaca que a instalação dos pontos solares facilitou até a ida para a cidade, pois antes só era possível levar alimentos suficientes para uma ou, no máximo, duas refeições. “Depois da chegada da energia solar, é diferente. Hoje podemos levar o que estava congelado no freezer, dentro das nossas condições, claro. Por isso melhorou muito, ainda não 100%, mas o projeto melhorou bastante a nossa vida", alegra-se.

CAIXA sempre presente

​Além dos diversos projetos subsidiados pelo FSA CAIXA na região Norte do País, o banco está sempre em ação para reforçar o compromisso de atender os clientes e beneficiários de programas sociais nas localidades mais remotas e de difícil acesso, como é o caso das comunidades ribeirinhas.

Um exemplo disso são os atendimentos realizados pelas agências-barco da CAIXA – embarcações que prestam suporte à necessidade de atendimento bancário causada pelas dificuldades de acesso às regiões e diminuem os gastos de deslocamento da população até os centros urbanos. Confira o cronograma de setembro das agências-barco. Uma delas, inclusive, leva o nome Ilha do Marajó e Chico Mendes – esta última que percorre municípios amazonenses. Outro exemplo é a Missão CAIXA que, no mês passado, esteve na cidade de Germano e Francisco, entre outras do estado.

Fundo Socioambiental da CAIXA

Criado em 2010, o Fundo Socioambiental da CAIXA (FSA CAIXA) tem como objetivo apoiar projetos e investimentos de caráter social e ambiental que se enquadrem nos programas e ações da empresa e que sejam vinculados ao desenvolvimento sustentável para beneficiar, prioritariamente, a população de baixa renda.

Para 2023 e 2024, o FSA conta com o maior orçamento já disponibilizado: R$ 193 milhões para apoiar projetos. Diante da calamidade no Rio Grande do Sul, neste ano o banco destinou R$ 30 milhões do FSA CAIXA para recuperação de casas atingidas pelas enchentes. Saiba mais sobre o FSA no site da CAIXA.



















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