"A falta de participação dos moradores, em todo o país, deu espaço para a oposição, e a gente viu no que deu"

Entrevista com Jorge Gilseu da Costa Silva (PT), pré-candidato à Câmara Municipal de Caxias do Sul 





Jorge Gilseu da Costa Silva tem 55 anos. Atualmente, é comerciário e pré-candidato a uma vaga na câmara municipal de Caxias do Sul como vereador, por entender que o Partido dos Trabalhadores, ao qual é filiado desde 1998, precisa se fazer representar na região Sul da cidade, especialmente nos Bairros Esplanada e São Caetano e seu entorno. O trabalho comunitário de Jorge e sua participação no movimento social já completaram praticamente 25 anos, então a pré-candidatura apenas formaliza algo que já ocorre.



Com 25 anos de "estrada", ainda lembras coimo foi teu começo na política?

Desde jovem eu me engajei na política, participando da campanha eleitoral do Pepe Vargas, quando atuei como assessor da coordenação. Sou presidente da Associação de Moradores (Amob) do meu bairro, já no segundo mandato, e um dos dirigentes da União das Associações de Bairros (UAB). Já fui, também, diretor do departamento Jurídico em uma das gestões do Sindicato dos Metalúrgicos aqui em Caxias do Sul. Hoje, sou filiado e milito no Sindicato dos Comerciários. Já trabalhei, também, na assessoria da deputada Marisa Formolo e na assessoria do saudoso deputado Padre Roque Grazziotin.

Então, minha caminhada na política justifica minha pré-candidatura. O trabalho nos movimentos sociais, a participação intensa no cotidiano do meu bairro, minha vivência sindical e minhas atividades político-partidárias mostram que estou pronto para esse passo, que significa ajudar a cidade, ajudar minha comunidade e ajudar meu partido. E eleito ou não, vou continuar na briga diária que é ajudar meu bairro e o PT.


Há uma região específica onde tenhas maior penetração?

O meu reduto eleitoral, o sul da cidade, onde estará estruturado meu comitê eleitoral, tem cerca de 15.000 eleitores. O Lula, na última eleição, recebeu quase todos. Então, pretendo ajudar a campanha da nossa pré-candidata Denise Pessôa com toda a minha força. É importante a gente ocupar todos os espaços que puder e  um dos meus objetivos e reunir aquela região em torno do Partido que mais se preocupa com o trabalhador.

A falta de participação dos moradores, em todo o país, deu espaço para a oposição, e a gente viu no que deu. A gente ficou acuado e eles vieram para fora. Então, eu acho que agora que a gente tem o governo federal do nosso lado, tem a Denise Pessôa como Deputada Federal e pré-candidata à prefeitura, é hora de a gente começar, a se expor mais, mostrar mais força, ocupar espaço. É isso que eu quero para aquela região da cidade.

É importante a gente ajudar a organizar os moradores, ajudar eles a terem consciência e formação política. A gente tem que ter uma Educação para cidadania. Se não for assim, nunca saberemos exigir nossos direitos. Hoje, os jovens não fazem isso porque não foram educados com esse espírito, mas a gente precisa retomar isso. Essa ingenuidade política faz muito mal. A tecnologia dos nossos dias facilita tudo pra juventude, mas ela também cria a ilusão de que tudo é pra todos, quando a gente sabe que não é assim. Se de um lado ela ajuda, de outro ela cria falsas ilusões.

 

É de justiça social que a gente está falando?

Sim. É sim. Quando tu entras num shopping, parece que é todo mundo igual, certo? Mas não é assim. Quando as pessoas saem, uma pega seu carrão, outra chama um Uber, outra vai pra parada de ônibus, uma quarta caminha a pé até seu bairro e cada uma vai pra um ambiente diferente, sem considerar os que nem emprego têm. E isso é no dia a dia. Um recorre ao melhor atendimento médico, outro tem um mísero plano de saúde a todo momento ameaça encolher a cobertura, outro tem que ficar na fila desde madrugada pra conseguir atendimento, ou morre em cima de uma maca porque não tem leito... O nome disso é injustiça social. Isso fica bem claro quando a gente vê moradores de rua, muitos passando fome e outros querendo votar leis que proíbam dar comida a essas pessoas na rua.


Então, eu acho que a missão do vereador e trabalhar com essas pessoas, fazer que elas enxerguem essas barbaridades e saibam brigar pelos seus direitos. Essa falta de vivência cidadã das pessoas faz até elas confundirem o papel do vereador. Ele é um elo entre a comunidade e o poder público. Pode fiscalizar, levar os anseios da comunidade, denunciar injustiças, mas a solução final está com o poder público, com as prefeituras. Então, o vereador tem que trabalhar junto com o morador, não no lugar dele. É a força da comunidade, com o empenho do vereador e a vontade política do prefeito que vão chegar a uma boa solução para os problemas da cidade. Vejo o vereador como um “zelador” da comunidade. 


Em muitos casos, o problema só se resolve se as pessoas forem pra rua exigir. Só pedir, pedir, pedir, por meio de um vereador, nem sempre resulta em conquista.

Na região onde atuo, a comunidade precisa de cuidados de limpeza e preservação do ambiente/ruas. Mas os problemas mais graves são o saneamento e o abastecimento de água. Os que moram em apartamento sentem menos, porque os prédios têm caixa d’água, mas os que residem em casas ficam sem água por até mais de um dia. Essa deve ser uma preocupação da prefeitura municipal com seus cidadãos. Como pode na segunda maior cidade do estado bairros inteiros ficarem sem água? O uso de cisternas, por exemplo, reduziria o consumo da água e resolveria o problema do desabastecimento. Mas isso tem que ser uma política pública.


Outra queixa dos moradores da região sul da cidade é a questão do esporte e lazer. Pra frequentar um parque grande, mais estruturado, um parcão, eles têm que vir pro centro da cidade. Nos bairros, em fins de semana, as pessoas acabam nos pátios dos mercados, onde durante a semana funcionam estacionamentos. As famílias levam suas crianças com as motoquinhas, bicicletas... levam cadeira pra pegar um solzinho. Se não for assim, eles têm que se deslocar para o centro, o que já implica em passagem de ônibus para todos, ou gasolina. Isso, sem contar que o centro na cidade, pela selva de edifícios que tem, conta com mais pontos de sombra do que de sol. 


E nos bairros a gente tem áreas públicas que abrigariam parques muito bons, beneficiando toda a comunidade de seu entorno.
 

Que outro problema grave tu apontarias?

Outra questão que ocorre na zona sul, mas não é nossa exclusividade, está ligada à CODECA. Temos que ter uma forma de aproveitar melhor e lixo seletivo. No governo do Olívio Dutra e em Caxias com o prefeito Pepe Vargas, tínhamos cooperativas de trabalho de recicladores.

Pensar em cooperativas recicladores vai resultar em gerar emprego, gerar renda, gerar solução para o excesso de lixo que nós temos na cidade e a CODECA não dá conta, vai limpar Caxias. Num momento em que o mundo todo se preocupa com a saúde do meio ambiente, nossa cidade está atolada de lixo e tem esgoto escorrendo pelas ruas, a céu aberto,em muitos bairros.  O governo federal está investindo como nunca nessas áreas, envolvido com o G20. Temos a ajuda da Deputada federal Denise Pessôa, que já trouxe muitos milhões em verbas para cá. O que falta é vontade política. Inclusive, a gente sabe que Caxias já deixou de receber verbas em várias outras áreas exclusivamente porque não apresentou projeto para isso.

E aí voltamos ao trabalho do vereador. Ele tem que ouvir as comunidades, pressionar o poder público, mas, também, correr atrás de projetos. Com bons projetos a gente busca dinheiro. A cidade não é uma ilha isolada. Tem que se articular com o governo estadual, onde estamos bem representados com o Pepe Vargas, e com o governo federal, onde a Denise já trilhou um belo caminho.





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