"É muito ruim ver, em tua cidade, as pessoas serem tratadas de uma forma desumana"
Entrevista com Jairo Bays (PT), pré-candidato à câmara municipal de Caxias do Sul
De onde surgiu a vontade de disputar uma vaga à câmara municipal da
cidade?
Desde que me aposentei, saí de minha zona de conforto duas vezes e agora parto
para a terceira: A primeira vez foi em uma das campanhas de Pepe Vargas. A
segunda, da mesma forma, na campanha do presidente Lula e a terceira, nesse
momento, para buscar um espaço na câmara municipal, onde tenho certeza de que
posso fazer muito ao lado de Denise Pessoa e Alceu Barbosa Velho. Então, dá
pra ver que sempre estive muito ligado à política. Aposentado, optei por viver
em Caxias do Sul, cidade da qual gosto muito e com a qual me identifico. Mais
de 30 anos no Banco do Brasil deixaram um círculo grande de amigos por aqui,
principalmente porque sempre fui sindicalizado e atuante nesse sentido. E
desde meu primeiro voto, sempre estive ligado ao Partido dos Trabalhadores e
me filiei a ele em dezembro de 1995, ou seja, quase 30 anos. Assim, como gosto
de política, e de Caxias, foi fácil fazer essa opção.
Como um gerente de agência bancária equilibrava sua militância sindical?
Por uma característica pessoal, e pelo tipo de ambiente que a militância no PT
permite, jamais misturei minha atividade política com meu trabalho. Sempre
encontrei espaço e liberdade no partido e isso me aproximou dele ainda mais.
Obviamente, a partir do momento em que me aposentei, essa identificação e a
própria militância se solidificaram, cresceram. Trabalhei fora de Caxias do
Sul por um período, mas meu sonho era voltar pra cá, o que fiz em 2008. Devo
dizer, também, que nunca tive uma atividade remunerada no partido ou na
política, o que me oportuniza liberdade e independência.
Ser gerente de uma agência bancária, ter um certo nível de atividade sindical, ser bacharel em direito, e morar tantos anos em Caxias, certamente te permitiu uma visão bastante ampla dela. Como a analisarias ou definirias?
Caxias tem algo importante: sua estrutura. E o que falta para Caxias? Bem, aí temos que entrar na seara da política, que foi o que me trouxe a esta disputa. É muito ruim ver, em tua cidade, as pessoas serem tratadas de uma forma desumana. E eu falo olhando pra a questão pública, da gestão do município. Como bancário, como gerente de banco, eu estive dos dois lados do balcão e eu tenho plena consciência daquilo que eu vivi.
A gente sabe comparar números. É muito fácil comparar os governos do PT com o
que a gente vive hoje. Nesse sentido, tenho participado de muitas reuniões dos
candidatos à majoritária Denise (PT) e Alceu (PDT). Em todas essas reuniões
que a gente tem feito eu vejo construção de plano de governo, nos bairros, nas
localidades. É impressionante, mas as referências boas que as pessoas trazem
são daqueles governos. A gente ouve as pessoas e elas sabem o que de fato é
bom para seus bairros. As referências boas que se tem são dos governos
populares. Nas reuniões, elas sempre fazem referências à participação
popular.
As comunidades trazem os problemas de saúde, de transporte, de educação que os
governos progressistas já haviam resolvido. Elas sabem que a solução existe e,
em muitos casos, é simples. Em nossa cidade, por exemplo, trocar uma lâmpada
virou um problema que se estende por até mais de dois anos. Então, quando uma
cidade chega a esse ponto, não posso me ausentar. Foi isso que me tirou de
minha zona de conforto.
Então. Como vereador, eu quero ter o compromisso de trabalhar como um elo
entre os cidadãos e o poder público municipal. A câmara municipal é um
facilitador. O legislador tem que levar, apresentar e defender aquilo que
realmente interessa a quem mais precisa. A câmara de vereadores é um caminho.
Obviamente, não é apenas isso. Nosso maior objetivo na condição de vereador é a
defesa de um projeto político de participação popular, pra resgatar aquilo que
já foi construído uma vez, quando a gente teve governos populares, como os do
Pepe Vargas e do Alceu.
Parece importante eu deixar duas coisas bem claras: sou antifascista e
defensor radical da democracia. Temos que defender a liberdade, mas a
liberdade de participação, não do negacionismo, das fake news... Isso, com
certeza, vai balizar meu trabalho.
Nas reuniões que fazemos com as diversas comunidades, o que ouvimos é: “Caxias do Sul está abandonada”. E isso pra mim é assustador, como é assustadora a forma como a gestão pública trata as pessoas, de uma maneira desumana. É como se lidasse com tijolos. E isso parece ser da essência desse governo. Justamente por isso é que nós somos diferentes. Temos um governo que está no poder há um ano e pouco. E olha quanto ele fez pelo nosso estado. Temos muita coisa boa pra falar em qualquer área.
Quando falo de saúde, falo de pessoas. É porque lá no Posto de Saúde uma pessoa não tem o mínimo – sequer cadeira para sentar-se. Quando isso é uma coisa tão básica e poderia ser feita. Hoje, a saúde é tratada com tamanha indiferença que, me parece, vai além da má vontade. Parece ser da essência deles tratarem aquilo como se fosse uma coisa normal. Tanto que houve um processo brutal de terceirização.
Uma CPI da Saúde apontou os desajustes na conduta da terceirizada e a empresa continua sendo a prestadora dos serviços e mais, foi “premiada” com um longo prazo e juros curtos para devolver o prejuízo que causou à administração. Então, mudar essas coisas, mostrar respeito pelos cidadãos caxienses, é um sonho, é um desafio e é um fator motivador. Nossa grande frente progressista quer disputar a eleição, ganhar a eleição e começar a trabalhar e administrar Caxias de uma forma mais humana, mais democrática e mais solidária.
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