"É muito ruim ver, em tua cidade, as pessoas serem tratadas de uma forma desumana"

Entrevista com Jairo Bays (PT), pré-candidato à câmara municipal de Caxias do Sul



Jairo Roberto Bays, 54 anos, é funcionário aposentado do Banco do Brasil, onde trabalhou por 32 anos. Tem três filhas e duas netas. Ingressou no Banco do Brasil aos 15 anos de idade, como menor estagiário, sendo aprovado em concurso posteriormente. Seus pais foram trabalhadores rurais, residentes em Chapada, nos arredores da cidade de Passo Fundo. Como bancário, trabalhou em oito cidades, na medida em que construía sua carreira profissional, aposentando-se como Gerente Geral de agência. Ele é bacharel em direito e pós-graduado em administração com especialização estratégica em serviço, mas garante que foi duas coisas na vida: colono e bancário. Na condição de aposentado, Jairo traçou alguns objetivos: cuidar da saúde, jamais gastar mais do que ganha e, a partir de agora, ser eleito vereador por Caxias do Sul, acompanhar o dia a dia da cidade, buscando o bem-estar da comunidade local, onde está desde 2001.
 


De onde surgiu a vontade de disputar uma vaga à câmara municipal da cidade? 

Desde que me aposentei, saí de minha zona de conforto duas vezes e agora parto para a terceira: A primeira vez foi em uma das campanhas de Pepe Vargas. A segunda, da mesma forma, na campanha do presidente Lula e a terceira, nesse momento, para buscar um espaço na câmara municipal, onde tenho certeza de que posso fazer muito ao lado de Denise Pessoa e Alceu Barbosa Velho. Então, dá pra ver que sempre estive muito ligado à política. Aposentado, optei por viver em Caxias do Sul, cidade da qual gosto muito e com a qual me identifico. Mais de 30 anos no Banco do Brasil deixaram um círculo grande de amigos por aqui, principalmente porque sempre fui sindicalizado e atuante nesse sentido. E desde meu primeiro voto, sempre estive ligado ao Partido dos Trabalhadores e me filiei a ele em dezembro de 1995, ou seja, quase 30 anos. Assim, como gosto de política, e de Caxias, foi fácil fazer essa opção.

Como um gerente de agência bancária equilibrava sua militância sindical? 

Por uma característica pessoal, e pelo tipo de ambiente que a militância no PT permite, jamais misturei minha atividade política com meu trabalho. Sempre encontrei espaço e liberdade no partido e isso me aproximou dele ainda mais. Obviamente, a partir do momento em que me aposentei, essa identificação e a própria militância se solidificaram, cresceram. Trabalhei fora de Caxias do Sul por um período, mas meu sonho era voltar pra cá, o que fiz em 2008. Devo dizer, também, que nunca tive uma atividade remunerada no partido ou na política, o que me oportuniza liberdade e independência. 


Ser gerente de uma agência bancária, ter um certo nível de atividade sindical, ser bacharel em direito, e morar tantos anos em Caxias, certamente te permitiu uma visão bastante ampla dela. Como a analisarias ou definirias? 

Caxias tem algo importante: sua estrutura. E o que falta para Caxias? Bem, aí temos que entrar na seara da política, que foi o que me trouxe a esta disputa. É muito ruim ver, em tua cidade, as pessoas serem tratadas de uma forma desumana. E eu falo olhando pra a questão pública, da gestão do município. Como bancário, como gerente de banco, eu estive dos dois lados do balcão e eu tenho plena consciência daquilo que eu vivi. 

A gente sabe comparar números. É muito fácil comparar os governos do PT com o que a gente vive hoje. Nesse sentido, tenho participado de muitas reuniões dos candidatos à majoritária Denise (PT) e Alceu (PDT). Em todas essas reuniões que a gente tem feito eu vejo construção de plano de governo, nos bairros, nas localidades. É impressionante, mas as referências boas que as pessoas trazem são daqueles governos. A gente ouve as pessoas e elas sabem o que de fato é bom para seus bairros. As referências boas que se tem são dos governos populares. Nas reuniões, elas sempre fazem referências à participação popular. 

As comunidades trazem os problemas de saúde, de transporte, de educação que os governos progressistas já haviam resolvido. Elas sabem que a solução existe e, em muitos casos, é simples. Em nossa cidade, por exemplo, trocar uma lâmpada virou um problema que se estende por até mais de dois anos. Então, quando uma cidade chega a esse ponto, não posso me ausentar. Foi isso que me tirou de minha zona de conforto.
 


Como te vês na condição de vereador municipal por Caxias do Sul? 

Então. Como vereador, eu quero ter o compromisso de trabalhar como um elo entre os cidadãos e o poder público municipal. A câmara municipal é um facilitador. O legislador tem que levar, apresentar e defender aquilo que realmente interessa a quem mais precisa. A câmara de vereadores é um caminho. Obviamente, não é apenas isso. Nosso maior objetivo na condição de vereador é a defesa de um projeto político de participação popular, pra resgatar aquilo que já foi construído uma vez, quando a gente teve governos populares, como os do Pepe Vargas e do Alceu. 

Parece importante eu deixar duas coisas bem claras: sou antifascista e defensor radical da democracia. Temos que defender a liberdade, mas a liberdade de participação, não do negacionismo, das fake news... Isso, com certeza, vai balizar meu trabalho. 


Nas reuniões que fazemos com as diversas comunidades, o que ouvimos é: “Caxias do Sul está abandonada”. E isso pra mim é assustador, como é assustadora a forma como a gestão pública trata as pessoas, de uma maneira desumana. É como se lidasse com tijolos. E isso parece ser da essência desse governo. Justamente por isso é que nós somos diferentes. Temos um governo que está no poder há um ano e pouco. E olha quanto ele fez pelo nosso estado. Temos muita coisa boa pra falar em qualquer área.  


Hoje, se olhamos a área econômica, a área de educação, a área de saúde, e comparamos com o governo anterior, que, não podemos esquecer, está representado na cidade, percebemos a grande diferença. Por isso, sinto tranquilidade com relação a nossa posição nas próximas eleições e quanto ao que defendemos. A gente pode sair na rua hoje de cabeça erguida defendendo a Denise e o Alceu. Porque nós temos marca, nós já fizemos. As pessoas sabem o quanto foram valorizadas. Elas sabem, por exemplo, o valor de um orçamento participativo, como funcionava o transporte, o que foi investido na saúde e como ela funcionava, sem filas que hoje dobram esquinas, por exemplo. 

Quando falo de saúde, falo de pessoas. É porque lá no Posto de Saúde uma pessoa não tem o mínimo – sequer cadeira para sentar-se. Quando isso é uma coisa tão básica e poderia ser feita. Hoje, a saúde é tratada com tamanha indiferença que, me parece, vai além da má vontade. Parece ser da essência deles tratarem aquilo como se fosse uma coisa normal. Tanto que houve um processo brutal de terceirização.  


  Uma CPI da Saúde apontou os desajustes na conduta da terceirizada e a empresa continua sendo a prestadora dos serviços e mais, foi “premiada” com um longo prazo e juros curtos para devolver o prejuízo que causou à administração. Então, mudar essas coisas, mostrar respeito pelos cidadãos caxienses, é um sonho, é um desafio e é um fator motivador. Nossa grande frente progressista quer disputar a eleição, ganhar a eleição e começar a trabalhar e administrar Caxias de uma forma mais humana, mais democrática e mais solidária.

Nenhum comentário

Obrigada por seu engajamento

Tecnologia do Blogger.