A escravização, na história, teve diversas formas. Não é preciso, hoje, ter uma argola ou levar chicotada para dizer que o trabalho é escravo. Eu prefiro esse termo ao invés de trabalho análogo à escravidão. É um trabalho escravo contemporâneo, uma outra forma de escravização, mas escravização. E o vereador usa essas falas para justificar isso. Então, é muito criminoso que foi feito. Mas, infelizmente, sabemos muita gente não pensa assim. E quando se tem um presidente eleito que empodera as pessoas a colocarem para fora o seu preconceito, e ele é a figura mais importante do país, esses fatos se naturalizam, que foi o que ocorreu nos quatro anos com o presidente Bolsonaro. Quando um vereador se manifesta na tribuna fazendo apologia ao crime, deve saber que apologia ao crime é crime. Ele não pode justificar um crime em um espaço como esse. No caso do vereador Fantinel o que houve foi a autorização a esse tipo de atitude. E caso a vereador seja condenado pela justiça, fica ainda pior para a câmara, na medida em que ela naturalizou e autorizou algo que a justiça comprovou que é um crime. Já se olhamos, comparativamente, para o processo instalado contra o vereador Lucas Caregnato, temos uma situação completamente diferente. Se ambos erraram, cada um na sua medida, um é caso de cassação o outro jamais seria caso de cassação. Um fato aconteceu na tribuna, em defesa de trabalho escravo. O outro, foi um episódio fora da Câmara, em outra situação, completamente diferente, sem o menor viés criminoso. O vereador Lucas estava defendendo o ingresso de uma pessoa numa audiência pública porque alguém havia, sem razão justificada, fechado a porta de acesso.
Com relação à cidade, quais os principais problemas que tu apontarias e como resolvê-los? Rose – Eu sou professora municipal. Então, acho que essa administração está indo na lógica do sucateamento do serviço público. E quando eu falo do serviço público, não estou defendendo somente a questão salarial do servidor. Há, por exemplo, a questão dos direitos trabalhistas. Esse sucateamento provoca o quê? Primeiro, muita gente não se sente atraída a participar do serviço público e muitos servidores públicos estão saindo em busca de melhores oportunidades de trabalho. Recentemente foram chamados 40 guardas municipais. Dos chamados, apenas 20 se dispuseram a assumir. E isso ocorre em todas as áreas, mesmo as mais concorridas como medicina e enfermagem. Faltam fiscais de trânsito, biólogos... e os que estão aí se quebram para atender a população de forma adequada. E, todos sabemos que quem mais necessita de serviço público são aquelas pessoas mais carentes mais vulneráveis. Então, aumentam os casos de doenças porque não há mais atendimento adequado, não há prevenção da saúde...
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