Entrevistas

Cleo Araújo: A vida quis dar-lhe lições, mas ela acabou dando lições de vida

Cleo Felix Araújo


Seu nome é Cleonice Felix Araújo. Tem 44 anos. É natural do Mato Grosso  e viveu boa parte da infância e juventude no Mato Grosso do Sul. Tem mais de 20 anos que mora em Caxias do Sul. Sua profissão de coração é artesã. Hoje, é bacharel em Direito e trabalha no gabinete do deputado Pepe Vargas (PT-RS), encarregada da pasta LGBT.


Mas estará enganado quem se entusiasmar com o glamour dessa abertura. A vida foi dura com Cleo. Bateu forte. Sabe-se, porém, que o ferro se forja no calor, se molda com o fogo. E é exatamente isso que o papo com ela nos mostra.

Autodefinição

Eu sou uma mulher trans, mas por luta e politicamente, pelo apagamento de uma identidade que me trouxe até aqui, eu sou uma mulher travesti.

Não tive nem tempo de parar pra fazer a “transição". Com 11 anos de idade fui expulsa de casa. Um casal vizinho me “acolheu” e depois me levou pra um prostíbulo, perto de Cuiabá, no garimpo. Fiquei lá até os 15 anos, literalmente presa, sem poder sair de dentro de casa. Só então consegui fugir. Eu era uma criança, não sabia nada sobre meu corpo ou gênero.

Vivia peladinha, com os cabelos desgrenhados, no máximo com um calção, subindo em árvores e brincando com bonecas de palha de milho. Eu me comportava como uma menina e meu pai não aceitou isso, passando a me agredir com violência. Lembro dele dizendo que na família dele não tinha veado. E eu nem sabia o que que era ser veado.


Infância violada

Com calma, olhos no horizonte, como se perscrutassem uma tela, Cleo vai (re)contando). "Essa foi a minha infância: brincando até os 10 anos debaixo de um pé de limão galego, chupando limão com sal. Depois disso, deixou de ser infância pra ser um verdadeiro pesadelo. No garimpo a gente atendia até 15 homens por noite, até o dia em que escapei.

Éramos em oito naquele lugar e eu fui a única que conseguiu fugir. No quarto tinha uma cadeira velha de palha, roída de cupins. Consegui quebrar, mas me machuquei, sangrando muito. Fingi que estava deitada e o segurança entrou, trazendo a comida. Bati com a madeira na cabeça dele e saí correndo. Como estava somente “couro e osso”, magérrima e desnutrida, consegui passar por uma basculante que tinha na sala. Aí, eu vi que do outro lado da rua passava água. Era um rio. Me joguei, mas eles conseguiram me pegar. Foi nessa primeira fuga que eles passaram um facão no meu pescoço. É por isso que eu uso sempre colares grandes, pesados, pra cobrir a cicatriz, conta Cleo, deslocando os olhos daquela tela-horizonte e buscando seu corpo.

Lembro deles dizendo “vamos desovar esse corpo”. Eu sabia que isso significava cortar e dar para os cachorros comerem. Saí correndo e me joguei no rio novamente. Como eu não sabia nadar, me arrastei pelo barranco me enroscando no limo. Foi horrível. Ainda hoje, tenho pesadelos.


Novo horizonte

Fui parar numa BR. Um carro parou. Eu estava toda ensanguentada e molhada, mas consegui pedir ajuda. Esse anjo salvador, cuja fisionomia eu não consigo lembrar, me levou pro hospital. Dali, acabei numa Delegacia, onde contei o que acontecera. A polícia, que já estava investigando o prostíbulo, deu uma batida e libertou todas as meninas. Como eu era menor de idade, intimaram meu pai. Considero esse o fim da minha infância. Fui morar em Campo Grande, com uma ex-cunhada, que se transformou na minha melhor amiga. Nessa etapa, conheci a igreja católica.

Primeiro, tive que me entender como pessoa trans, e a Igreja (católica) foi o suporte de tudo aquilo que eu não tive em casa. Aos 17 anos cheguei a pensar em entrar para um seminário, circulando por algumas congregações, mas entendi que não era esse meu lugar. Comecei, então, a trabalhar no meu primeiro emprego, com carteira registrada.

Construindo Igualdade

Depois disso fui morar em Santa Catarina.  Em Santa Catarina profissionalizei-me na área estética, trabalhando com implante de cabelos. Foi lá que conheci meu esposo. Estamos juntos há mais de 20 anos e em breve vamos nos casar.

De Santa Catarina, meu marido e eu decidimos vir para Caxias do Sul. Onde me envolvi com a ONG Construindo Igualdade, uma entidade sem fins lucrativos, que iniciou atividades em 2003, a partir da necessidade de organização da comunidade LGBTQIA+. Atualmente, ela é dirigida coletivamente por uma comissão de pessoas LGBTs.

A ONG, segundo nos explicou Cleo é uma espécie de guarda-chuva, abriga vários projetos. Dentre eles, parece importante destacar a primeira Casa de Acolhimento para pessoas LGBTs da Região Sul do Brasil, inaugurada em maio de 2021. Em 2024, mais de 100 pessoas já passaram pela Casa, se computarmos pernoite e assistência psicológica. Considerando-se o total de projetos desenvolvidos no espaço, somam-se mais de 400 atendimentos no mesmo período.

Atualmente, a Casa tem capacidade para acolher quatro moradores temporários simultaneamente. Manter o projeto representa enfrentar dificuldades. O custo mensal de manutenção da casa fica na média de R$ 4,5 mil, incluindo despesas com alimentação, água, luz e internet...

Um segundo projeto da ONG é o Emprega LGBT. Com ele, busca-se oportunizar condições de empregabilidade para a comunidade LGBTQIA+ de Caxias do Sul. O projeto conta com serviços como: a) Banco de Currículos – a ONG oferece confecção de currículos para pessoas LGBTs e trabalha na distribuição para o setor de RH de empresas parceiras; b) Cursos Profissionalizantes – em parceria com a FSG e professores voluntários. Já foram oferecidos cursos de inglês, artesanato, culinária e arte. No momento, estão sendo ofertados cursos de inglês, massa para pizzas e drinks. c) Prepara ENEM – curso preparatório ministrado por professores voluntários, visando ao ingresso de pessoas LGBTs no Ensino Superior.

Um terceiro projeto da ONG é o Núcleo de enfrentamento à LGBTfobia e à violência contra a mulher. Ele prevê ações de combate à discriminação contra a comunidade LGBTQIA+ de Caxias do Sul e região, além do acolhimento a mulheres vítimas de violência doméstica (sejam LGBTs ou não). O projeto viabilizou-se por recurso de emenda parlamentar do deputado federal Elvino Bohn Gass (PT/RS). Por meio dele são oferecidos: a) Acolhimento e assistência psicológica a mulheres vítimas de violência (em 2023, foram cerca de 25 atendimentos); b) Assessoria jurídica para retificação de registro civil de pessoas transexuais, travestis e não-binárias (somente em 2023, contemplou mais de 40 pessoas); c) Atendimento feito pelo advogado Daniel Baldasso. 


Espaço social da Casa de Acolhimento, que deverá ser remodelado para abrigar atividades de teatro



Desponta uma vitória

A ONG integrou-se, também, desde 2016, à luta pela criação de um Serviço Ambulatorial Especializado no Processo Transexualizador (Ambulatório Trans), em Caxias do Sul, inaugurado no dia 04 de abril último. A iniciativa está associada à Secretaria Municipal da Saúde (SMS), com objetivo principal de fornecer um ambiente seguro e assistido por profissionais capacitados para o procedimento. O espaço fica localizado no primeiro andar do Centro Especializado de Saúde (CES) e viabilizou-se com emenda parlamentar da Deputada Fernanda Melchiona (Psol). Para arrecadar fundos, a ONG conta, hoje, com a emenda parlamentar obtida junto ao Deputado Elvino Bhon Gass; com a renda de almoços, e atividades similares que desenvolve, como bingo; com a doação de padrinhos (hoje são apenas cinco) e com alguma doação espontânea como uma parceria com o Banco de Alimentos. 

A batalha da vida foi dura, difícil, mas hoje tenho uma profissão, formei-me em direito, trabalho como assessora parlamentar o Deputado Estadual Pepe Vargas, tenho um casamento muito bom com meu companheiro, dedico-me à bandeira da causa LGBT e me sinto feliz, realizada. A construção disso tudo, porém não foi fácil.

 



Renascendo

Mesmo os capítulos mais duros foram superados, conta Cleo, que nesse momento engole a emoção e volta para a tela-horizonte. Minha mãe morreu jovem e a relação com meu pai teve momentos muito difíceis, mas hoje isso é passado. A gente precisa praticar o que chamo de cura interior. 

Se você não pratica essa cura interior, não adianta você dizer que “virou a página e perdoou”. Não, você não terá perdoado e nem virado a página. Você continua sendo a mesma pessoa, amargurada. Então, pra mim foi importante praticar essa cura. Foi com a cura interior que me reaproximei de meu pai.

Aos poucos, fui desenhando meu caminho. O primeiro projeto em que trabalhei era ligado ao HIV, com entrega de preservativo pelo governo do estado. Outro passo importante foi o ingresso no Conselho Municipal de Saúde, como voluntária. Depois disso, consegui uma vaga dentro do Conselho de Saúde, desenvolvemos o projeto viabilizado pela emenda do deputado Bohn Gass. Em seguida, começamos a pensar nossas ações como um lugar de formação, de educação, de profissionalização e não apenas como um banco de emprego como as pessoas viam a ONG. Nesse período começaram a nascer os cursos: inglês, artesanato, drinks, culinária... 

No período da pandemia do Covid 19, tivemos muita dificuldade para receber assistência. Foi então que pensamos num projeto chamado Pão para Todos, que buscava despertar solidariedade. Não era apenas fazer um pão, mas distribui-lo ao vizinho, a quem precisasse daquele pão. Expandimos, o projeto para toda a comunidade. 


Surge a Política

Na etapa seguinte de meu caminho, empenhei-me numa campanha para a eleição municipal (2020). Não fui eleita, mas a semente ficou e hoje sou pré-candidata pelo PT à câmara municipal de Caxias do Sul. O convívio com Pepe Vargas, com Denise Pessôa, com Fernanda Melchiona, com Elvino Bohn Gass fortaleceu minha vontade de empunhar com força a bandeira LGBT, fazendo dela verdadeira causa.

A Casa de Acolhimento transformou-se em capítulo à parte e começamos a contar com ajuda de muita gente. Tudo o que temos é fruto de doação, desde o aluguel. Hoje, a Casa é nosso projeto principal, porque ela “fala” da vida de todas as pessoas LGBT.

Algumas pessoas LGBT não têm problema com a mãe, com o pai, com a família, mas há aqueles que não têm onde morar, como eu já não tive, tendo que dormir na rua. Por isso, mais do que melhorar a infraestrutura da Casa, pensamos que seja importante diversificar os cursos, e pasra isso precisamos de doações bem como do aumento do quadro de padrinhos, que fazem doações permanentes, mesmo que sejam pequenas.


Na pequena horta e no apertado alpendre há lugar para novos sonhos, que, com certeza, representarão 
a fuga de muitos para um mundo melhor, mais justo e mais humano


Sonhos que viram realidade

Outra iniciativa muito importante é poder desencadear um trabalho com as famílias da população LGBT. Está em nossa lista, também, ampliar a biblioteca; ampliar a cozinha, oferecendo mais refeições e readequar o espaço social, para podermos trabalhar com teatro. Evidentemente, precisamos de doações para isso. Nossas conquistas são lentas, mas sólidas. Uma das meninas que passou por esta casa, hoje é professora de inglês. Outra, mora na Itália e acaba de entrar para uma universidade. São conquistas gratificantes demais. E muitas pessoas sabem disso.

Cleo comemora: Dividimos essa alegria, por exemplo, com duas educadoras sociais, com uma assistente social e com um advogado, um time de quatro profissionais e, é claro, com mais de uma dúzia de voluntários que nos doam um pouquinho de seu tempo e saber.

Para incorporar-se à ONG como voluntário(a), basta entrar em contato com a equipe. Trabalho, certamente não falta, na medida em que estão no horizonte projetos para uma casa de acolhimento a mulheres vítimas de violência em Farroupilha; uma casa de acolhimento à população LGBT em nível nacional e uma casa de acolhimento à população LGBT idosas. 

Que ninguém duvide desse grupo, pois pioneirismo é com ele mesmo. A Casa de Acolhimento LGBT de Caxias do Sul, por exemplo, é a pioneira no acolhimento da população LGBT, independentemente de gênero. E como o que tempera a vida é a alegria, não se pode deixar de contar que esse grupo criou um bloco carnavalesco: o Arco-Íris, que no período da folia contagia a cidade com suas cores e alegria.

A vida foi dura, sim, mas aquela garotinha que, aos 10 anos de idade chupava limões no pé, aprendeu a fazer deles uma refrescante limonada.

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Denise Pessoa deixa claro o papel da mulher na câmara de deputados e na vida política nacional


Na entrevista que segue, Denise Pessoa conta um pouco da experiência vivida em Brasília, na condição de Deputada Federal eleita em 2022 pelo PT, e revela algumas questões dos bastidores daquele espaço, fazendo, também, uma análise do cenário político nacional


De onde partiu essa tua veia política?

Meu pai, Oscar Pessoa, era presidente do bairro Garbin, na região do São José. Há 40 anos aquela área era periferia da cidade né? Meu pai lutou pelo saneamento, pela escola, por uma UBS, por todas essas questões sociais da cidade, né? E eu fui acompanhando isso. E, criança, ia junto nas reuniões. Ele chegou a ser vice-presidente da UAB (União das Associações de Bairro). Então, a questão comunitária sempre esteve muito presente em minha vida. E a minha mãe era diretora da escola municipal do Bairro (Colégio Padre Antônio Vieira). Ela também militava, participava das greves de professores... Eu fui criada entre greves, reuniões, assembleias..., né?


E a opção pela arquitetura?

Quando cheguei à adolescência, eu não sabia direito o que fazer. Participei da pastoral da Juventude. Como todo jovem, eu queria salvar o mundo, mas não sabia o que salvar primeiro. Eu tinha feito o magistério, e chegou a hora de entrar pra faculdade. Acabei indo para o Direito, escolha que durou apenas um ano. Em seguida parti para a Arquitetura. Se minha mãe exerceu influência na escolha do magistério, a inclinação pela arquitetura veio por meio de meu pai, que trabalhava na construção civil como mestre de obras. No início, não vislumbrei o lado social da arquitetura. Essa descoberta veio ao longo do curso e do envolvimento com o movimento estudantil. Fui presidente do Diretório Acadêmico de Arquitetura; fui vice-presidente do Campus 8 da UCS. Por meio do movimento estudantil acabei indo para encontros nacionais de arquitetura e aí eu consegui ver várias questões, né?


O arquiteto é aquele profissional que pensa, estuda e planeja a cidade a questão urbana, né? Foi no movimento estudantil que despertei para a questão da habitação, para o uso social da cidade, para questões de sustentabilidade, para o meio ambiente.



 

Fui diretora de Extensão da Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura então me envolvi muito com projetos sociais nas comunidades, com projetos de revitalização de praças. Mesmo tendo sido muito apegada a Caxias do Sul, trabalhei em projetos nas cidades de Vitória e Florianópolis.
 
 
E quando foi que chegou a política pra valer? 

Aí, já com outra visão da arquitetura e da própria cidade, em 2007, a então Deputada Marisa Formolo me convidou para trabalhar com ela. A partir daí, cerquei-me de um grupo de políticos locais que exerceram grande influência em minha formação: Deputado Pe. Roque Grazziotin e Geci Prates. Eu estava com 24 anos de idade (2008) e eles começaram a me incentivar/pressionar, apelando para a importância da presença feminina e da juventude na representação do Partido. Com medo, aceitei o desafio. Acabei sendo a primeira mulher jovem eleita na câmara de vereadores. Naquela época eram 17 vereadores. No segundo mandato, já éramos 23 vereadores, e eu continuava sendo a única mulher.


No terceiro mandato, Caxias teve o impeachment do Prefeito Guerra, contra o qual votei. Desse período, lembro dessa sessão clássica, que durou 54 horas. Foi a maior sessão da história da Câmara. “Esse meu voto desagradou a muitos, mas sempre tive posicionamento, independentemente de a casa estar cheia ou não. O que é o certo, é o certo.” E isso meus eleitores reconheceram.


 

E aí, no terceiro mandato, meu colega Beltrão afastou-se, tivemos o impeachment da Presidenta Dilma. Foi um período bem difícil. Foi, também, a primeira vez que uma mulher entrou em licença maternidade. A Câmara nem tinha requerimento. Nenhuma mulher tinha tirado licença, né? O Eduardo, meu filho, foi criado na câmara, até um trocador colocaram lá.

Nos pleitos de 2008, 2012, 2016 e 2020 consolidei meus eleitores e, por ser mulher, por estar solo nessa condição na Câmara e ser do PT, posso dizer que “apanhei muito". Em 2018, concorri a deputada estadual e não me elegi. A deputada Marisa deixa de concorrer a deputada estadual o partido decide trabalhar minha candidatura como substituta. Mas o deputado Pepe resolve vir a estadual. E aí atravessou o samba. Eu não podia retirar, né, principalmente por ser uma liderança feminina. A gente sempre precisa ter essas lideranças mulheres. 





Obviamente, eu não faria uma campanha contra o Pepe. Então, pensamos: – De que forma eu poderia contribuir? – Fazendo o debate de gênero, que demarcaria nosso espaço. Nosso comitê era uma kombi, que a gente chamava de gabinetona, decorada com imagens da Frida Kalo, da Dandara. Parávamos em locais onde víamos movimento e fazia o debate das e com as mulheres. Foi uma campanha bem divertida e alternativa, que justamente por isso conquistava pessoas. Essa campanha, com certeza, somou para nossa votação em 2020, que foi a maior obtida.


Como foi a estreia na condição de Deputada Federal, quando tu “sais de casa”? O que tu podes contar sobre essa experiência? Com essa visão mais ampla de política, o que dirias que falta em Caxias do Sul no aspecto político?

É um salto bem grande, né? Já foi, na verdade, quando presidi a Câmara Municipal em 2022, ano em que se criou uma frente anti-PT. Essa eleição à presidência da Câmara foi concorrida e difícil. Somente três mulheres presidiram a Câmara Municipal de Caxias do Sul: Raquel Grazziotin, Geni Peteffi e eu, e do PT tínhamos tido somente o vereador Daneluz na presidência. Então, teve um grupo ligado a Bolsonaro, que liderou uma frente anti-PT e fez de tudo para que eu não presidisse a Câmara.


“É muito difícil presidir a Câmara, porque tu não tens o voto popular. Tens o voto do partido, mas nunca se tem maioria absoluta mesmo dentro do partido”.



 

E quanto à questão da política nacional? 

Entre o primeiro e o segundo turno, eu quase morri de gastrite, porque eu também fiquei preocupada de ser uma deputada de oposição do governo Bolsonaro. Agora, percebo que é muito legal ter presentes os problemas da cidade como vereadora e poder estar lá, vendo várias possibilidades para resolver.

Quando cheguei na Câmara dos Deputados, eu percebi várias questões. Por exemplo: Fake news e distorções do que se disse foram questões que enfrentei muito em Caxias do Sul, mas vejo isso ampliado em Brasília. Então isso sempre está muito vivo, né? Tomo ainda mais cuidado a partir do lugar que passei a ocupar.

Daqui se tem uma visão mais federal, mais geral, assim como questões mais complexas, que vão além do “local” e até mesmo de visão de sociedade. Tenho certeza de que não vou deixar de pensar na Serra e na minha comunidade. Mesmo a visão local se expande.



 
Temos contato com outros municípios e regiões do estado. E aqui nos aproximamos de outros contatos, de ministérios. Isso me possibilitou, por exemplo, obter recursos para o Hospital Geral e para o Hospital Pompéia. Nos aproximamos, também, de uma questão muito cara para a região da Serra gaúcha que é o aeroporto de Vila Oliva e temos muitas pontes abertas para projetos futuros. A pavimentação para o interior também está na lista, assim como a pavimentação de áreas urbanas. Caxias tem muitas áreas urbanas sem pavimentação, assim como loteamentos irregulares.
 
A gente não consegue destinar emendas para essas áreas porque a prefeitura não tem um plano de mobilidade. Esta é uma demanda que persiste faz anos. Caxias, a segunda maior cidade do estado, não tem um plano de mobilidade. Isso implica o trânsito caótico, a falta de segurança para pedestres e ciclistas. O transporte público é afetado, refletindo no desperdício de tempo de trabalhadores. Na perspectiva das mulheres, por exemplo: tu chegas em casa tarde, a rua não é iluminada e ainda tens que te desdobrar nas tarefas domésticas, depois de ficar um tempo enorme dentro de um ônibus.

Eu hoje integro a Comissão de Transportes na câmara dos deputados, justamente pra pensar todas essas questões. Não vejo muitos aderindo à discussão do transporte coletivo urbano, embora seja uma questão fundamental, um dever do Estado. Hoje o transporte coletivo urbano é ineficiente e caro.

Saúde, mobilidade, infraestrutura urbana, são questões fundamentais para uma cidade. Eu atuo na comissão de transportes, na comissão de desenvolvimento urbano (habitação, direito à moradia, legislação/regularização). Participo também da Comissão de Cultura, que ficou muito defasada no governo anterior, o que soma para a não formação de pessoas críticas.
 

Obviamente, nossos projetos estão, em sua maioria, enlaçados às questões da mulher. Por exemplo, vincular dados cadastrais do pai ao E-social, o que garante a não interrupção do pagamento de pensão alimentícia, ou em relação à Lei Maria da Penha, que diz que mulheres vítimas de violência e com medida protetiva não poderiam perder o emprego nem o salário, mas não explicita quem paga o salário? E as autônomas, como ficam? Tudo é mais difícil.



 

Fizemos, também, um seminário levantando questões da reforma tributária, com um recorte na questão de gênero. Observo que na política há lugares “liberados” para as mulheres, enquanto outros não. Mulheres discutirem questões relativas a mulheres pode. Dinheiro, finanças, economia, cidades são espaços reservados aos homens. Já havia aprendido isso como vereadora. Então forço para me instalar nos espaços “proibidos” também.

Saúde é outra questão central. A pandemia, revelou o que nós já tínhamos de fragilidade. E aí só agravou mais ainda. Então a gente tem aí vários desafios. Nessa área, o que eu vejo em Caxias? E a partir do novo governo, parece que as pessoas acharam o caminho de Brasília de novo. Já houve dia em que atendi 80 pessoas.
 
Com relação à reforma tributária, a gente acabou debatendo, estudando vários avanços, né? Tivemos, por exemplo, isenção na questão da cesta básica. Aí vem a pergunta: o que isso tem a ver com mulheres? Hoje, no Brasil, quem mais compra comida são as mulheres. Os homens são quem mais compra bens, como motocicleta e carro. Tem uma questão de gênero de fundo. Muitas mulheres são chefes de família. Então, a gente entendeu que se conseguisse isenção de tributação na cesta básica, a gente atingiria todas as mulheres. Começamos com um grupo bem pequeno, depois a gente foi ganhando espaço para a bancada feminina, que encampou tudo isso e aí a gente conseguiu.
 
Havia um grupo de trabalho debatendo a reforma tributária. Eram somente homens. Aí, a gente fez um seminário, em março, e começou a questionar isso daí. Então, incluíram uma deputada, mas somente uma. Então, ela era meio que nossa porta-voz. Aí a gente promoveu o debate. Começamos a debater essa questão da cesta básica, buscando formas de alcançar um jeito tributar menos as mulheres.
 

O grupo de estudos percebeu que os produtos direcionados às mulheres tinham impostos mais caros, desde uma gilete. Camisinhas são mais baratas do que anticoncepcionais. Uma bomba de amamentação tem mais imposto do que uma bomba de encher pneu. Viagra tinha menos impostos do que absorventes. Conseguimos isenção de tributação no absorvente a partir dessa discussão. Estudamos, também, a questão do cash back considerando o recorte gênero e raça.


 

O que terias a comentar sobre a especificidade, que é ser mulher na câmara de deputados? 

Essa questão já era forte na Câmara Municipal. Tanto eu quanto a colega vereadora Estela Balardin sofríamos ataques direto. Éramos mulheres, com o agravante de sermos de esquerda, então formávamos uma espécie de polo. Mas, quando eu chego na Câmara dos Deputados, o que eu percebo – claro que a gente aumentou a bancada feminina nessa última eleição – é que, diferentemente de ser polarizado como numa câmara menor, como a de Caxias, a impressão foi de que a gente era invisibilizada. Isso me chocava profundamente. 

Parecia que as coisas eram debatidas onde nós não estávamos e as decisões pareciam tomadas sem que nós participássemos. Mas ao mesmo tempo, nos momentos mais difíceis dentro do plenário, por exemplo, na questão do debate do Marco Temporal, eu percebo que as mulheres, especialmente a bancada feminina de esquerda, são as mais aguerridas lá no plenário, não é coincidência que a gente tem hoje um processo de cassação de sete deputadas.



 
Então, o que que a gente percebe? Um deputado, por ser conservador, tolera ouvir um monte de baixaria de outro homem. Agora, não pode ouvir um de uma mulher, né? Então, se ouvirem um A de uma mulher, parece que ofendeu a alma da mãe dele. Então quando cheguei e percebi isso, comecei a refletir: Bem, como me organizo nisso? A bancada gaúcha do PT tem três deputadas, todas muito parceiras. Sinto-me segura dentro da bancada feminina do PT. Então, sem analisar as particularidades de correntes/tendências de partido, a questão invisibilidade existe. Há temas que não são debatidos na câmara com as mulheres e dizem respeito a elas.


Em termos de futuro já que esse desafio da eleição tu venceste. E daqui pra frente? Algum plano para a Prefeitura, por exemplo? 

A questão da disputa de vagas é algo que se dá em ampla discussão e avaliação dentro do partido. O sujeito pode até aspirar a uma prefeitura, por exemplo, mas a avaliação dessa disponibilidade sempre vai passar pelo cenário que melhor se desenhar para o partido.

Certo, mas independente disso, qual teu olhar para, por exemplo, a disputa da Prefeitura de Caxias do Sul? 

Eu amo Caxias, sempre amei e minha trajetória política mostra isso. Posso trabalhar pela cidade aqui ou em Brasília. Ser prefeita de uma cidade implica muito mais dificuldades, embates, enfrentamentos, com certeza. Na Câmara, tento da melhor forma possível, atender as demandas da nossa região. Vejo a importância de ter contatos, estabelecer pontes. Sempre amei a política e sempre tive o mesmo modo de ser na política, independentemente de onde estivesse.
 

Sempre tentei construir. Sempre olhei para as coisas de forma coletiva, desde o movimento estudantil. Aquela Denise lá de 2008 concorreu despretensiosamente, mas com boas intenções, com sentimentos positivos, tentando sempre agregar e deu certo.

 

E a família? 

Confesso que às vezes tenho algum nível de dificuldade em conciliar a convivência com meu filho, Eduardo, não poderia negar. Vou e volto todas as semanas. A rigor, saio no domingo, chego em Brasília às 7h30min, vou direto para o trabalho, e volto na quinta, à noite. Na semana de votação da reforma tributária, por exemplo, o trabalho era direto, de segunda a sexta. Depende do momento político, da minha agenda pessoal...


Onde se cruzam a Denise profissional e a Denise deputada federal? 

Até por minha formação como arquiteta, estou bastante implicada nas questões do transporte e da organização urbana. Em Caxias do Sul, mesmo antes de me eleger vereadora e até como estudante, sempre trabalhei com as questões da urbanização, mesmo que por um período curto. Fiz duas especializações, na área de gestão pública e na administração de cidade. E sou servidora pública licenciada [agente administrativa].


Como tu avaliarias os pontos fortes e os pontos fracos do governo Lula, e até mais especificamente a Reforma Tributária? 

Bem, a Reforma Tributária não tem [e nem poderia ter] efeito imediato, mas ela será muito positiva. Pra Caxias do Sul e seu setor industrial ela será muito benéfica. A questão do IVA, que já é modelo em vários países da Europa também é positiva.

Independentemente de ser da esquerda ou da direita, acho que foi uma grande vitória do governo em conseguir aprovar a reforma ainda no primeiro semestre.

A gente tem hoje o menor índice de desemprego dos últimos 10 anos. O preço das coisas está caindo. Então a questão econômica, eu acho que é um dos pontos fortes do governo Lula para a população. E a questão da relação de forças que se dá com os oposicionistas na Câmara oferece, dificuldades em algumas questões. Um ponto fraco, eu diria, é o Banco Central, que consegue ter juros muito acima da inflação, né?



 
Casos como o assassinato de Marielle Franco, venda/revenda de joias..., repercutem como dentro da Câmara? 

Algumas pessoas não têm dificuldade ou receio de defender o indefensável. Nesse sentido um grande problema é a pressão de youtubers, prova disso é a dificuldade em fazer avançar o projeto que dá conta de tratar das Fake News. Nessa questão circula muito poder, muito dinheiro, muita pressão...

É grave, também, a falta de transparência na questão dos algoritmos, no como, de fato, é entregue a notícia né? E por que que eu recebo só notícia de um jeito? Tenho autoridade para dizer isso porque fui vítima de fake news, em grande medida, quando vereadora, em Caxias do Sul. O mesmo ocorreu com a colega Estela Balardin, também vereadora da bancada do PT. 

Houve momentos na Câmara que eu sabia o que iria dizer, mas sentia medo, porque não sabia no que é que transformariam as minhas palavras e olha que eu já tinha quatorze anos de Câmara Municipal.


Como você percebe a repercussão de grandes questões como aquele vídeo de ofensas não ministro Moraes, questões que envolvem o STF, a urna eletrônica, o Banco Central... Que são várias contas, de um colar que a direita vem amarrando, como por exemplo, o ex-deputado Dallagnol, o ex-juiz Moro, a morte da vereadora Marielli Franco e seu motorista, são grandes nódoas no cenário político nacional?

Na questão da Marielle: ninguém mata uma vereadora no Rio de Janeiro sem ter costas muito quente. Tem muita combinação nesse negócio. Da mesma forma, a dificuldade em se acessar os mandantes do movimento terrorista do 8 de janeiro. Penso que, de fato, existem umas cinco ou seis grandes questões [que incluem a violência] que o governo precisa administrar de modo firme e urgente.


Rose Frigeri, da bancada do PT Caxias, fala sobre política e sobre seu mandato

Conversamos com a vereadora Roselaine Frigeri, sobre questões ligadas à cidade de Caxias do Sul,  ao mandato dela e à sua visão de política. O resultado foi a entrevista que segue.





Qual é a tua formação profissional?
 

Rose – Sou formada em Direito e em História pela Universidade de Caxias do Sul, com especialização em sociologia e mestrado e História do Brasil. Trabalho cível, com direito de família e em questões de cidadania italiana. Sou vinculada ao Partido dos Trabalhadores há 40 anos. 

Como iniciou tua vinculação com a política? 

Rose – Sempre tive um convívio muito próximo com a política. Minha estreia nesse campo foi em 1974, quando concorri para o Grêmio Estudantil do Grupo Escolar Clemente Pinto. Naquela época a ditadura militar tinha acabado com os grêmios estudantis na forma como funcionavam. Passaram a chamá-los, Centros Cívicos. Andava-se com o mapa do Brasil no peito, tinha-se que hastear a bandeira nacional, cantar o hino. 
Um ano após entrar para a universidade, me vinculei ao movimento estudantil. Paralelamente, sempre estive envolvida com a questão do movimento de mulheres. A vida política, a militância social, me perseguem desde criança. Lembro que, quando faltavam quatro dias para eu completar sete anos de idade, estávamos jantando e meu irmão foi preso pela ditadura militar. Ele foi preso político aos 16 anos e ficou mais de um ano detido. Meu pai era do Sindicato dos Metalúrgicos na época em que houve a intervenção dos metalúrgicos. Lembro muito bem dele fazendo um buraco no porão de casa para esconder livros e documentos. Eu tinha entre sete e oito anos. Lembro de ter ido no Dops visitar meu irmão quando estava preso. 

Caxias tem vivido questões atípicas na política. Como te manifestarias sobre a tentativa de cassação do mandato do vereador Fantinel, sobre a questão levantada contra o vereador Lucas Caregnato, sobre o pedido de impeachment do Prefeito Adiló e sobre a censura à entrevista do Frei Beto? 

Rose – Infelizmente, Caxias anda famosa negativamente. Se olharmos a história da cidade, veremos que nem sempre foi assim. Ela já elegeu prefeitos progressistas, tivemos Mansueto Serafini, tivemos Pepe Vargas. Enfim, Caxias é uma cidade que tem valores conservadores, mas ela abriga moradores de muitos lugares, tem uma mescla de diferentes culturas. Então, não podemos dizer que é 70% ou mais bolsonarista, pois na verdade a gente também tem uma história inclusive de luta. Nós temos a história de luta do Sindicato dos Metalúrgicos. As União das Associações de Bairros de Caxias é uma das mais fortes do estado. Então não dá para dizermos que a cidade seja bolsonarista/fascista [eu uso os dois termos como sinônimos]. Agora, quando vemos fatos como o da censura ao Frei Beto, com manifestação de famílias, sendo que o evento sequer era realizado pela escola e muito menos para os estudantes – era uma locação de espaço –, temos uma situação muito triste para a cidade. Ela se tornou palco nacional de um grande vexame. A repercussão atingiu rádio, televisão, jornais, redes sociais... do país todo. Para o evento em si, não houve problema maior, porque foi um sucesso completo. Temos que valorizar a UCS que cedeu seu espaço, cumpriu seu papel de Universidade..., mas para a democracia e para a cidade, tivemos, na minha avaliação, uma perda muito grande. Temos que considerar que aquele abaixo-assinado foi criminoso, porque foi fascista, xenofóbico, misógino, se avaliado com empenho seria, inclusive, caso de judicialização. Houve, também, uma decepção muito grande com o fato de uma direção de escola ceder a isso. Aqui se insere, também, a não cassação do vereador Fantinel. O fato virou sinônimo de fala infeliz, né? Agora, falas criminosas viraram sinônimo de falas infelizes. Foram falas criminosas por serem fascistas, xenofóbicas. 


Mas, talvez, ninguém tenha se apercebido do mais grave: ele fez aquela fala para justificar um trabalho escravo, que é um outro crime. O trabalho que ele tentou justificar é escravo, embora estejamos falando da escravização contemporânea. 



A escravização, na história, teve diversas formas. Não é preciso, hoje, ter uma argola ou levar chicotada para dizer que o trabalho é escravo. Eu prefiro esse termo ao invés de trabalho análogo à escravidão. É um trabalho escravo contemporâneo, uma outra forma de escravização, mas escravização. E o vereador usa essas falas para justificar isso. Então, é muito criminoso que foi feito. Mas, infelizmente, sabemos muita gente não pensa assim. E quando se tem um presidente eleito que empodera as pessoas a colocarem para fora o seu preconceito, e ele é a figura mais importante do país, esses fatos se naturalizam, que foi o que ocorreu nos quatro anos com o presidente Bolsonaro. Quando um vereador se manifesta na tribuna fazendo apologia ao crime, deve saber que apologia ao crime é crime. Ele não pode justificar um crime em um espaço como esse. No caso do vereador Fantinel o que houve foi a autorização a esse tipo de atitude. E caso a vereador seja condenado pela justiça, fica ainda pior para a câmara, na medida em que ela naturalizou e autorizou algo que a justiça comprovou que é um crime. Já se olhamos, comparativamente, para o processo instalado contra o vereador Lucas Caregnato, temos uma situação completamente diferente. Se ambos erraram, cada um na sua medida, um é caso de cassação o outro jamais seria caso de cassação. Um fato aconteceu na tribuna, em defesa de trabalho escravo. O outro, foi um episódio fora da Câmara, em outra situação, completamente diferente, sem o menor viés criminoso. O vereador Lucas estava defendendo o ingresso de uma pessoa numa audiência pública porque alguém havia, sem razão justificada, fechado a porta de acesso. 

Fotos: Gabriel Schmitt
Fotos: Gabirel Schmitt
Com relação à cidade, quais os principais problemas que tu apontarias e como resolvê-los? 
Rose – Eu sou professora municipal. Então, acho que essa administração está indo na lógica do sucateamento do serviço público. E quando eu falo do serviço público, não estou defendendo somente a questão salarial do servidor. Há, por exemplo, a questão dos direitos trabalhistas. Esse sucateamento provoca o quê? Primeiro, muita gente não se sente atraída a participar do serviço público e muitos servidores públicos estão saindo em busca de melhores oportunidades de trabalho. Recentemente foram chamados 40 guardas municipais. Dos chamados, apenas 20 se dispuseram a assumir. E isso ocorre em todas as áreas, mesmo as mais concorridas como medicina e enfermagem. Faltam fiscais de trânsito, biólogos... e os que estão aí se quebram para atender a população de forma adequada. E, todos sabemos que quem mais necessita de serviço público são aquelas pessoas mais carentes mais vulneráveis. Então, aumentam os casos de doenças porque não há mais atendimento adequado, não há prevenção da saúde... 


O ideal seria o investimento na saúde primária, mas antes de tu chegares numa UBS, se a população tivesse educação, cultura, lazer, esporte, outros tipos de atividade na cidade, as pessoas não adoeceriam tanto. A saúde mental é um escândalo. Nunca teve tanta gente doente nessa área. 



Evitaríamos muita coisa se tivéssemos programas preventivos. Então, falta um serviço público de qualidade. Eu acho que o grande problema da cidade está aí. Como é possível uma fila de 30 pessoas aguardando um leito hospitalar? Tem UBS trabalhando à luz de velas, porque não tem lâmpadas. Uma delas, no centro da cidade [na Júlio de Castilhos], tem 20 lâmpadas queimadas. Em alguns locais, não tem gaze, as pessoas são solicitadas a levarem de casa. Tem gente esperando há dois anos por uma cirurgia de câncer. Tem gente com trombose, a perna apodrecendo, e não consegue especialista. 


E aí não é somente a saúde municipal. O Hospital Geral, por exemplo, é administrado pelo município e pelo estado, teoricamente. Ele atende 49 municípios da região, mas nenhuma das prefeituras contribui com os custos, e os recursos do estado também não chegam ao HG. Então, acho que o grande problema do município é a saúde, física e mental, nas formas da prevenção, da atenção básica, e da alta complexidade. 


E não tem como não falar da educação, especialmente a infantil. São mais de 3000 crianças em lista de espera para creches, do zero aos três anos. E se a família não tem onde deixar a criança, vai fazer o quê? Como é que os pais vão sair para o trabalho [geralmente as mulheres]? Temos uma psicóloga e duas assistentes sociais na SMED para atendimento a toda a rede. Há crianças esperando há três anos para receberem atendimento psicológico. Nunca tivemos tantos moradores em situação de rua, na cidade. Há casas de passagem, há o projeto Hospedagem Solidária, mas normalmente mulheres não são aceitas, por falta de infraestrutura adequada. Falta infraestrutura, também, nas escolas, o que leva a pensar, ainda, na infraestrutura de limpeza da cidade, cada vez mais descuidada. Isso sem falar na dificuldade pela qual passam os catadores e as recicladoras que, na verdade, já foras exemplo para o país. Cuidar bem da cidade passa por políticas públicas, mas também por vontade política e criatividade e essas duas estão faltando na administração de Caxias do Sul. 
 
E no meio desse caos, o que seria possível fazer via Partido dos Trabalhadores? 
Rose – Atacar esses problemas passa pela educação popular, pelos movimentos comunitários, pela cultura. A mobilização é fundamental. Como oposição, o Partido dos Trabalhadores enfrenta limitações, tanto no atendimento a solicitações quanto na aprovação de projetos de lei, por exemplo. Esse é um fator limitante importante. 
 

Pessoalmente, acredito na promoção de espaços de debates, quer seja pela Comissão de Direitos Humanos, quer no gabinete. Realizar conferências municipais e documentá-las me parece um bom caminho. Precisamos chamar as pessoas e ouvi-las. Eu que isso fortalece a oposição e o mandato do vereador. 


Não tenho dúvida que se eu se sentar aqui e pesquisar na internet faço dez projetos de lei em uma semana, mas acho que a gente tem que ouvir as pessoas. Criar espaços para discussão leva à consciência crítica e à organização. Reunir pessoas e dar a elas espaço de fala propicia aprendizagem, consciência, cidadania. Temos tantos grupos excluídos, por que não dar voz a eles? Aqui temos brancos, negros, indígenas, pessoas dos mais diversos países. Se nos unimos em lugar de nos dividirmos em grupos de iguais seremos muito maios fortes.


Entrevista com a Vereadora Estela Balardin


Na entrevista que segue, Estela Balardin fala sobre sua trajetória, sobre seu entusiasmo pela política e sobre sua visão de sociedade, entre outras coisas que deixam à mostra um espírito jovem e dinâmico, pronto para lutar por sua cidade. Estela, 23, é a vereadora mais jovem da câmara municipal de Caxias do Sul. Professora em séries iniciais por formação, ela cursa Serviço Social, na Universidade de Caxias do Sul.




Site (S): O que que te levou para a política?
Estela (E): Iniciei no movimento estudantil eu fui presidente do Grêmio Estudantil do Cristóvão. Ali, me envolvi com a União Caxiense de Estudantes Secundaristas. O pessoal era bastante envolvido com o Partido dos Trabalhadores, então foi quando eu comecei a conhecer um movimento partidário propriamente dito. Em 2018 nossa chapa venceu e eu assumi a presidência da União Caxiense de Estudantes Secundaristas. Em seguida, me filiei ao partido e em 2019 assumi uma assessoria ao Deputado Pepe Vargas.


(S) Por que o PT e não outro partido progressista?
(E) O partido sempre teve influência muito grande no meu bairro (Serrano). Tínhamos uma estrutura pequena e aí quando veio o governo do PT, ele começou a ter a estrutura de um bairro, ser inserido nas políticas públicas, receber calçamento, tratamento de esgoto, água encanada nas casas, escola, UBS, transporte público, de acordo com a realidade das pessoas que moravam lá. Por menor que eu fosse na época, tenho muito viva na minha memória a lembrança de ir com o meu avô até as reuniões do orçamento participativo. Minha família inteira sempre foi petista e participava. Assim, eu percebi que foi através do Partido dos Trabalhadores que as coisas aconteceram no meu bairro. Então, em 2016 quando votei pela primeira vez, participei de um comício. Foi quando conheci a Denise, o Beltrão (que agora não faz mais parte do partido) ... e me encontrei enquanto ideologia, pela proximidade que eles tinham com a minha comunidade com o meu bairro.


(S) O que a política te oferece?
(E)
Eu entrei na faculdade, eu conquistei a possibilidade de ser uma jovem negra de periferia que saiu do ensino médio para a universidade por causa de políticas públicas de um governo progressista. Então, por causa da política, por causa do FIES por causa do PROUNI, eu vi que eu poderia fazer faculdade. Foi por ela, também, que eu consegui frequentar o Centro Educativo que foi fundamental na minha formação. Nesse espaço pude me descobrir enquanto pessoa, agentes capazes de atuar no meu meio. Isso sem contar que meus pais trabalhavam estavam tranquilos que a gente estava num lugar seguro. Isso tudo é política.


(S) Quais são os teus planos na política?
(E) Então! eu digo que eu não vejo na política uma carreira. O que eu vejo é que com ela, aqui, ainda consigo fazer a mudança que acredito ser importante para o meio onde estou. Pela política, eu consigo representar as pessoas, fazer valer o voto de confiança delas em  mim.


(S) O que achas que falta para vincular mais a comunidade com a política local?
(E)
a comunidade, de modo geral, é bastante apática em relação à política. O cidadão caxiense é um trabalhador. É o trabalhador que acorda todo dia, que usa o transporte público, que precisa da vaga na creche, que precisa do médico na UBS... e esse trabalhador, ele sofre com a falta dessas políticas públicas funcionando na sua cidade. E a falta dessas coisas faz com que o cidadão tenha pouco tempo para se informar e pensar sobre as coisas que são do seu interesse e às quais tem direito. Ele tem que estar focado em sobreviver e manter a sobrevivência dos seus, como é que ele vai trabalhar, como é que ele vai conseguir dinheiro para comprar as coisas, sustentar sua família, como é que a mãe vai conseguir ir para o mercado de trabalho e ter uma creche onde deixar o seu filho... Então, para mim, essa é a característica do caxiense. Uma de suas principais características é a de não desistir, de sempre batalhar, mas ele também precisa entender que precisa ser pensante, que precisa ser questionador, que precisa de espaço para cultura, espaço para lazer, que falta muito na cidade. E enquanto o cidadão não cobrar, não vai ter isso na cidade.


(S) Todos dizem que o PT deve fazer um mea culpa. O que tu apontarias como um erro do partido?
(E)
Eu acho que a gente ainda tem dificuldade de organizar a nossa base. A gente acaba destacando quadros que entram, por exemplo, para a política institucional. Mas falta fortalecer a política de “formiguinha” que é dentro do bairro, dentro do trabalho comunitário, dentro do conselho de saúde, dentro dos demais conselhos, do conselho de cultura, sabe? Falta ativismo no campo mesmo. Dentro dos nossos bairros, eu acho que a gente está deixando a desejar. E acho, também, que não é só por “culpa” nossa. O PT teve um ataque muito grande nos últimos tempos e, com isso, infelizmente, a classe trabalhadora também se distanciou do partido. Por mais que a gente saiba que quem sempre esteve ao lado deles foi a gente, esse ataque da mídia em cima do nosso partido foi tão forte que influenciou e fez as pessoas se distanciassem. A gente ainda está com dificuldade de fazer essa reaproximação, de retornar esse trabalho de base que a gente já teve muito forte. Então, aí é onde a gente ainda está patinando para conseguir retomar. O trabalho de base nos bairros no dia a dia quando a gente tem alguma ação específica, quando a gente tem uma reunião específica, a gente consegue. Mas no dia a dia a gente ainda precisa melhorar.

O bombardeio foi tão forte que as pessoas parece que tinham se desiludido com o partido. Mas agora, quando a verdade começa a aparecer, sobre a grande mentira do mensalão, sobre a podridão da lava jato, sobre a corrupção do governo anterior, sobre o comportamento de grupos de políticos, as pessoas começam e se dar conta da verdade.


(S) Achas que esse pode ser um fator de reaproximação/despertar da sociedade em relação ao PT?
(E) Acredito que sim, porque a gente vinha sempre fazendo essa denúncia desde que houve o golpe da Dilma e depois quando houve a prisão do Lula. E antes, até, com o mensalão. A gente fazia essa denúncia de quem era essa turma, qual era a forma como eles atuavam e de que lado de fato eles estavam na política. Então, estão aparecendo as provas de tudo aquilo que a gente falava, muito mais do que qualquer coisa de que eles nos acusaram e com uma diferença: Nós estamos cercados de provas e eles de fake news. O que falta pra nós agora é a força de disseminação com que eles contaram. E também temos que lembrar que a gente era muito mais popular. Tinha uma relação de sentimento, de afeto do Lula e da Dilma com o povo. E o Moro e a turma dele nunca trataram o povo bem, nunca se preocuparam com ele. Então, todos os podres deles parece que não impactam tanto.


(S) Como analisarias os episódios mais recentes da política local que envolveram os vereadores Fantinel e Lucas Caregnato e o prefeito Adiló?
(E)
Com relação à cassação do vereador Fantinel é importante a gente entender que aquela fala preconceituosa dele não é um caso isolado. As falas dele com esse viés são recorrentes no plenário da câmara de vereadores. Acho que aquela foi a mais grave, mas há muitas outras. Uma me marcou especialmente. Foi em 2021. A gente tinha acabado de entrar na Câmara de vereadores. Acho que era o terceiro mês de mandato. Eu rebati uma fala política dele e ele disse que não era para eu falar nada porque eu ainda não tinha saído das fraldas. E ele seguiu todos esses anos com ataques violentos, por exemplo, a ministros do STF até chegar naquele fatídico dia em que se referiu de modo preconceituoso e injusto ao povo baiano, num caso de trabalho análogo à escravidão, o que torna tudo ainda mais grave, porque ele relativizou algo que aconteceu na nossa região e que a gente precisa denunciar porque a gente não pode mais aceitar que aconteça. E ele fala isso na tribuna da Câmara um local onde o que a gente fala tem um peso muito maior porque a gente fala ali representa as pessoas dá voz à sociedade. A gente é 23 aqui dentro né e representa 600. 000 habitantes. Então, tem uma força muito grande o que a gente diz. Justamente por isso que a gente acreditava ser muito importante a cassação dele. Aí, a gente viu todo um trabalho do próprio prefeito para essa cassação não acontecer.

Chegou a haver o retorno de um vereador que tinha ido para uma Secretaria para que ele votasse contra a cassação. Com relação ao pedido de cassação do Lucas, pra mim é uma etapa do pedido de cassação do Fantinel, uma cortina de fumaça, uma tentativa de calar a oposição, ou de pelo menos suavizar os protestos no momento da votação. É evidente que isso teve peso. Não podemos perder um companheiro valioso como o Lucas né? A gente não podia colocar em risco o mandato dele e também pelo fato de tentar calar a oposição.


Esse é um segundo ponto importante. Acredito que a oposição começou a incomodar muito eles depois da reforma da previdência. Então, eles uma oportunidade de tentar jogar um balde de água fria na oposição. Penso que nesse ponto falharam. Inclusive, a oposição cresceu muito dentro da Câmara de vereadores, tirando nós do isolamento. E, ainda em relação ao caso do Fantinel e do Lucas, eles tentam igualar, mas o Fantinel defendeu o trabalho análogo à escravidão enquanto o Lucas defendeu que pessoas entrassem numa audiência pública que estava com as portas fechadas. Então, existe diferença nítida, clara, né? E com relação ao pedido de impeachment do prefeito, não acredito que fosse o caso, tanto que nós votamos contrários. O impeachment faz sentido se a pessoa cometeu um crime. Mas é importante ressaltar que o motivo que originou o pedido é grave, tanto que gerou a CPI da Saúde, que a gente abriu aqui na Câmara por causa da falta de atendimento a um cidadão na UPA central na gestão do InSaúde e que gera várias outras dúvidas naquela gestão, né? O InSaúde demonstra ter várias fragilidades e eu acho que a gente não pode culpar só a UPA central. Há um enfraquecimento na atenção básica que gera demanda maior na UPA, aumentando o tempo de espera, provocando superlotação... a gente está sem leitos em todos os hospitais da cidade. E o prefeito demonstra não estar fazendo nada efetivo pra melhorar essa situação. Então, mesmo que não tenha cometido um crime, ele precisa dar resposta para Caxias do Sul.


(S) Que relação fazes entre política e história e quem destacarias, como grandes figuras do PT?
(E)
Penso que a política e a história estão estritamente ligadas principalmente por causa daquela frase meio clichê que a gente usa de que tudo é política né? A história ela é marcada por grandes fatos políticos. No PT temos bons exemplos de pessoas que marcam a política e a história, começando por Dilma Rousseff. Na ditadura, ela foi muito importante. Sofreu nas mãos de torturadores sem entregar seus companheiros. Era uma menina, com cerca de 19 anos, bem mais jovem do que eu e que estava lá, lutando contra a ditadura. Não entregou seus companheiros num dos momentos mais duros da história deste país, quando movimentos sociais e o movimento estudantil foram, também, da maior importância.

A sua força fica demonstrada quando ela se torna presidente do Brasil. Eu acho que isso é algo memorável. Então, acho que ela demonstra bem a ligação entre história e política. É uma pessoa que me inspira, uma pessoa aqui do nosso estado, que tem uma presença muito forte do PT. Grandes nomes do nosso partido são do Rio Grande do Sul. Eu acho que a gente não pode deixar de citar o Lula como uma pessoa importante. Ele marca toda uma geração de famílias pobres, miseráveis, que vieram do interior do nordeste para os grandes centros.


E mais uma vez a política e a história se cruzam. Um menino pobre, de família de retirantes, sindicalista, foi eleito o melhor presidente do país. E quando a gente fala em movimento sindicalista, também está falando em movimentos sociais, que por meio da política escrevem a nossa história. E pra fechar a relação da história com a política, tenho que falar de Rosa Luxemburgo, que eu leio muito, que me inspira e que faz parte de uma importante história que é da revolução alemã.


(S) O que falta, em Caxias do sul, que a política poderia resolver e como?
(E)
Falta muita coisa em Caxias. Eu poderia usar um exemplo simples e um mais complexo. Uma coisa simples é o transporte. Se o perfeito tivesse pulso com a empresa de transporte público Visate e exigisse alteração de determinados horários de linha, ouvindo a população, e respeitando as especificidades de cada bairro, adequando a oferta às necessidades da população, a gente já teria um problema grande solucionado. Tem horário de escola, de faculdade, de trabalho... e falta ônibus nesses horários. Falta vontade política. A Visate deve servir a cidade e não o contrário. Já um problema muito importante, mas mais complexo, é o da saúde, que também exige vontade política, embora não dependa somente do poder municipal. A gente precisa cobrar do governo estadual, que abra os leitos do Hospital Geral que são de sua responsabilidade. Precisamos desse diálogo. O governo estadual precisa cobrar de municípios do entorno de Caxias do Sul que ajudem no custeio do HG. O governo municipal precisa estar em Brasília com mais frequência, precisa que a secretaria de saúde participe das reuniões do governo do estado, que a Secretaria de Saúde vá a Brasília e sente com os ministros, sente com os deputados. É evidente que não se vai resolver 100% do problema, mas a gente precisa que eles comecem a ter ações e atualmente o que a gente tem é inércia, como se estivessem de mãos atadas e não estão. Eles só estão de de braços cruzados.


 

Presidente Lula dá entrevista à Rádio Gaúcha



 

 Entrevista do Presidente Lula ao jornalista Reinaldo Azevedo, em 02 de março de 2023.

 



O Partido dos Trabalhadores completou, no dia 10 de fevereiro de 2023, 43 anos de fundação! Ao longo destas mais de quatro décadas o PT teve sua história escrita por inúmeras mãos, mentes e corações que acreditam que a construção de uma sociedade mais justa e fraterna passa pela tomada de consciência e ação organizada para enfrentar e superar as desigualdades sociais tão marcantes na sociedade brasileira.


O PT de Caxias do Sul apresenta homens e mulheres que dedicam suas vidas na construção do Partido, relatando suas histórias de luta, suas vivências e memórias, com o sentimento de que existe um longo caminho a percorrer, mas que essa marcha é repleta de esperança por ser compartilhado por diversos companheiros e companheiras que dão voz e vida ao Partido dos Trabalhadores.


Companheira TERE VARREIRA
Tere Varreira é natural de Cazuza Ferreira, mas mora em Caxias desde a infância. Formou-se no magistério e ingressou ainda jovem no Serviço Público Municipal, tendo dado aula na escola Guerino Zugno por muitos anos. Militou no movimento comunitário, e chegou a presidir a AMOB do Bairro Planalto Frente. Também militou nas Pastorais da Juventude e no Movimento Operário dos Trabalhadores Cristãos. Ainda nos anos 80, filiou-se ao PT e ajudou a organizar a CUT na cidade. Tere é mãe do Rodrigo e da Viviane, e avó de Gabriel, Mariana, Leonardo, Bento e Joaquim.



Companheiro ELÓI GALLON
Elói Gallon é militante do PT desde 1980. Foi seminarista, e "no Seminário, em Veranópolis, tivemos embates importantes com defensores da 'eleição' de Tancredo Neves". Mudou-se para Caxias do Sul em 1987 e "busquei me engajar nas lutas do PT, já que representava o jeito de governar que sempre defendi. Assim, fui pra rua nas campanhas, mesmo sem ser filiado". Desde 1996 é filiado ao PT, foi membro do diretório municipal, concorreu a vereador quatro vezes e foi suplente de vereador no mandato 2001-2004. No governo do PT em Caxias foi diretor da Fundação de Assistência Social (FAS), de 1997 a 2002, e presidente em 2003 a 2004. Em 2020, coordenou as caminhadas do companheiro Pepe Vargas nos bairros de Caxias. "Não gosto de estar sempre nas cargas, seja no partido ou em assessoria. Tem que haver renovação, sangue novo, ideias novas. E oportunidades pra mais pessoas. Defendo dois mandatários consecutivos para os cargos eletivos, do Grêmio estudantil à presidência da República. Ah, e os suplentes, têm que ter oportunidade de assumir obrigatoriamente pelo menos de seis meses. Grande abraço e boa luta!", diz Eloi.






120 dias do governo Lula: Entrevista com Guilherme Boulos no 20 Minutos


Um comentário:

  1. Valeu Elói uma pessoa ética comprometido com as causas sócias grande companheiro de lutas nas campanhas continue sendo sempre essa pessoa forte abraço

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