"Eu entendo que um vereador deve atuar juntamente com a sua base. Em primeiro lugar, buscar soluções para os seus bairros, suas comunidades"


Entrevista com Marcos Carlos Regelin, candidato a vereador (PT) 





Marcos Carlos Regelin tem 63 anos de idade. Milita junto ao Partido dos Trabalhadores desde 1984. Já foi subprefeito em Vila Cristina, ao lado de Pepe Vargas em sua primeira administração como prefeito de Caxias do Sul. Foi Secretário Municipal de Agricultura no segundo mandato de Pepe. Foi, ainda, assessor parlamentar do deputado na Câmara Federal e delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário, no último mandato da presidenta Dilma Rousseff. Regelin orgulha-se de ser fundador da Cooperativa de Agricultores e Agroindústrias Familiares de Caxias do Sul (CAAF), que atualmente administra. É agricultor e um dos muitos produtores rurais que a região abriga. Desde 1992, reside no Bairro Bela Vista, onde criou seus três filhos.





Que tal começarmos falando da CAAF?

 A cooperativa tem 14 anos. Temos 330 famílias associadas e seu foco é a questão dos mercados institucionais – alimentação escolar, alimentação hospitalar e Forças Armadas.


Com a experiência política acumulada e com tua vivência no cooperativismo, como definirias o papel de um vereador junto à comunidade? Qual seria tua plataforma de trabalho nessa função?

Eu entendo que um vereador deve atuar juntamente com a sua base. Em primeiro lugar, buscar soluções para os seus bairros, suas comunidades. No meu caso, atuando no interior, isso é muito importante. Um vereador fará a articulação com o poder público, participará da construção de novos projetos, de novas perspectivas de desenvolvimento econômico. Não podemos mais pensar no rural simplesmente como produção agrícola. Precisamos fortalecer cada vez mais o papel da área rural na economia. O turismo rural, por exemplo, tem papel fundamental. As agroindústrias assumem forte papel na economia local. A educação precisa levar em consideração o contexto rural. Precisamos focar no esporte, no entretenimento, na qualidade de vida do rural. Com esses cuidados, conseguiremos manter o agricultor, sua família, os jovens, nas propriedades rurais, no campo.

Temos que ver o campo como um lugar que gera emprego e renda. E esse é um dos projetos que pretendo desenvolver na câmara de vereadores; levar um ciclo de desenvolvimento e de valorização da área rural para os debates das questões do município.





E quais, especificamente, as questões mais importantes para o sucesso dessa empreitada?

 Como agricultor, produtor rural e administrador da cooperativa, minha vivência não se restringe ao campo. Nossa cooperativa tem um patrimônio razoável e 66 trabalhadores com carteira profissional assinada. Então, acompanho muito a preocupação do pequeno e do médio empresário. Devemos pensar que uma cooperativa nada mais é do que uma empresa e como tal tem várias funções a cumprir. Ela gera emprego e ela distribui renda. Isso, então, implica para mim preocupação no bairro, com o transporte urbano, com formação técnica para os colaboradores...
 

Administrar a cooperativa implica pensar no entorno daquela comunidade toda. Então, acredito que o rural e o urbano – e essa é uma questão de ótica – Não são separados, duas coisas independentes. Por exemplo, se o urbano está bem, se temos bastante emprego no urbano, se nós temos um bom poder aquisitivo, as feiras de agricultores vão vender bem. Mas, se nós temos um rural desmotivado, desassistido, teremos um abastecimento urbano deficitário. Então, a política pública, a secretaria da agricultura, o programa de fomento municipal precisa dialogar com as duas pontas. A economia, nesse sentido, tem que funcionar de modo circular.
 


E como pretendes desenvolver essa ponte?

  Nós somos uma cooperativa. Precisamos trabalhar de forma associativa. Esse é um dos princípios de nossa atuação. Veja bem: Hoje o meio rural não participa das decisões políticas; não participa das decisões do orçamento da cidade. A secretaria da Agricultura simplesmente acata o que sobra. Então, nós precisamos fazer a interface, precisamos fazer com que o meio rural seja ouvido e representado junto ao poder público. Temos vários vereadores que fazem votos no meio rural, mas que, ao longo de sua gestão, nada deixam para o meio rural. Existe um Conselho, mas ele é apenas deliberativo. Precisamos ter num conselho distrital que se reúna mensalmente e que discuta a realidade de todos os distritos. Não podemos ser candidatos ou vereadores de um único distrito. Temos que ter compromisso com todos os distritos. Uma entidade que reúna, mas que tenha poder de representação, de discussão. Enquanto vereadores temos que fazer isso, né? É um trabalho enorme, mas tem que ser feio.


O que, hoje, o morador rural levaria para discussão nesse Conselho que propões?

 Nós entendemos que o rural tem muitas deficiências. Como, então, gerar o desenvolvimento dessas áreas e envolver o cidadão? Fortalecendo o programa municipal das agroindústrias, priorizando e valorizando muito a manutenção das estradas, das pontes e das escolas municipais que estão no interior. A educação precisa ser valorizada em todos os sentidos. Além disso, como já mencionei, precisamos preparar o interior para que ele possa ser um grande destino turístico. Nós precisamos chamar a atenção do Brasil inteiro. 




O interior de Caxias do Sul tem uma imensa riqueza turística. As belezas naturais são inúmeras, desde cascatas, penhascos, trilhas, vales... A cultura oferece inúmeros atrativos que passam pela culinária, pelos modos de cultivo, por segredos de preparação conservados e repassados há várias gerações. A arquitetura colonial, o artesanato, tudo na área rural encanta. Um investimento turístico nesse sentido pode gerar grandes resultados para a cidade. Precisamos, também, de indústrias limpas, ambientalmente corretas e que gerem bons empregos. Então, acho que esse Conselho, na forma como falei há pouco é fundamental para que a população se organize nesse sentido.

Caxias é o segundo maior produtor de maçã do estado do Rio Grande do Sul. Tem mais de 40.000 cabeças de gado. Caxias fornece em torno de 40% dos hortifrutigranjeiros consumidos nos principais centros de abastecimento do estado. Mas nada disso é visibilizado. Ao mesmo tempo, nossos agricultores não têm representação na Ceasa de Porto Alegre. Por exemplo: eles não têm base lá; ninguém do poder público de Caxias. Nós não temos sequer uma salinha lá, com uma pessoa que pudesse manter um fluxo de divulgação.


Vamos tomar outro exemplo: os aeroportos na questão do turismo. Quando se chega a Salvador, tem lá o um guichê onde são vendidas riquezas turísticas. Caxias do Sul, por sua importância na fruticultura e na produção de alimentos, deveria ter esse tipo de presença na Ceasa, na Ceagesp de São Paulo, vendendo, sua maçã, sua uva, seu caqui, sua ameixa, seu pêssego. Essas vitrines são essenciais. Então, se não conseguirmos fazer isso no próximo mandato, a história vai nos atropelar. Se nós não soubermos fazer isso, não adianta fazermos Festa do Colono.

 

E quando falamos isso tudo, é evidente que estamos falando, também, na questão da alimentação saudável para os moradores, do campo e da cidade. Veja. Todas as coisas são interdependentes. Educação de qualidade vai gerar bons técnicos agrícolas, que vão somar para a segurança alimentar, que por sua vez está implicada nas questões de saúde. E eu não tenho como mudar meu discurso. Eu sempre lutei por isso.

Fui diretor presidente da Ceasa. Integrei a Comissão da Festa da Uva, coordenando o setor da agricultura na Festa o que incluía desde exposição de uvas e distribuição de uvas, até a coordenação de espaços das agroindústrias. Em todos esses anos, sempre empunhei a bandeira do campo.

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